segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Flávia Kurtz: Uma maratona, um filho, uma maratona...


Quem é corredora de longa distância e quer ser mãe vive um dilema interessante: ser mãe ou fazer a maratona? Flávia Kurtz, de 38 anos, corredora Run For Life, foi mais além. Decidiu fazer uma maratona, depois ser mãe, fazer outra maratona e tentar o segundo baby. Após o nascimento de Arthur, de 1 ano e 8 meses, ela decidiu fazer a Maratona de Buenos Aires (temperatura de 24 graus na véspera e 17 graus na largada) com a ousadia de quem tem fibra, digna dos nobres.

“O Arthur nasceu em abril de 2007. Passou-se um ano e estava na hora de manter meu mantra (um bebê, uma maratona, um bebê e uma maratona). Agora viria a maratona. Encontrei a professora Mônica Peralta na corrida Vênus, em 8 de março, Dia da Mulher. Dia que elegi para o meu retorno”, comentou Kurtz.

De acordo com Flávia, Mônica ainda tentou convencê-la a adiar os planos de maratona. “Eu estava algum tempo parada, acima do peso e ainda eu viajaria por três semanas (no período de treinamento) e treinar durante a viagem seria um pouco difícil”, disse a maratonista.

A corredora Flávia gostaria de ir para Nova York, mas não conseguiu inscrição a tempo. Buenos Aires era a condição com menos tempo para treinamento (quatro semanas). O planejado pela professora Mônica Peralta era que ela fizesse a Maratona de Buenos Aires em 4h13min10seg (6min/km).

Segundo o técnico Wanderlei de Oliveira, o momento não era o ideal para a maratonista melhorar sua performance. "Nós entendíamos que esse não era o momento, mas ela teve opinião, foi sozinha para Buenos Aires e concluiu seu objetivo abaixo do tempo previsto", orgulha-se Oliveira.


“Entre fraldas, trabalho, marido, cachorros (Bacco e Otto) e noites mal dormidas, (o Arthur sempre escolhia as noites de terça para quarta para acordar de madrugada), fui treinando e me mantive firme”, comenta Kurtz, com ótimo humor.


Chegada
“Buenos Aires chegou! Fui ao solo argentino na quinta-feira. Encontrei uma das minhas irmãs que estava estreando neste mundo de Maratona. Planejamento em mãos. Confesso que o dígito 4 horas não me agradou. Afinal, pra quem já tem 2 maratonas abaixo de 4h (3h53 e 3h54) é uma mancha no curriculum. Temos que viver dentro da realidade”, conforma-se.

Corrida planejada
“Desta vez eu queria planejar km por km. Correr a primeira metade mais alta que a segunda etc. etc. Um dia antes, estava quente. ‘Cadê o frio que a Weather Channel marcava?’ Mandei uma mensagem para a Mônica. Resposta: 'Saia mais leve e não se preocupe com o tempo'. Como não me preocupar? Sábado, final de tarde, inicia uma garoa. Penso: 'não acredito que esta chuvinha vai baixar a temperatura'. Acordo e CHUVA! Temperatura por volta dos 16/17 graus…Perfeito!!!! E acabou saindo tudo perfeito… km/km controlados. Corri todo tempo consciente, concentrada. Foi tudo muito rápido e estava abaixo de 6 min/km. Acreditei até na possibilidade de 3h59min, mas controlei. Afinal, era a primeira vez que corria com a cabeça. Sensacional. E assim saiu os 4h11min27seg em Buenos Aires!"

"E agora o meu dilema... mais um bebê ou outra maratona??"


Arnaldo de Sousa, jornalista e corredor

Foto: Arquivo pessoal

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