quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

O primeiro passo

Ano novo e muitas promessas. Assim é o povo brasileiro. Alguns prometem parar de fumar, outros parar com a cerveja no final de tarde. Muitos juram para os amigos e familiares que este ano irá mudar de vida e correr a São Silvestre. O tempo passa, os dentes começam a ficar amarelos e os pulmões negros pelo efeito tóxico do tabaco. A barriga começa avançar, na mesma velocidade como a quantidade excessiva das cervejas disputadas com os ‘amigos’, para ver quem é capaz de tomar ‘umas a mais’.

E, o sedentarismo começa a dar os primeiros sinais – uma dor de cabeça que não passa, cansaço excessivo, noites mal dormidas, o peso extra, que dificulta a locomoção e o cinto que vai aumentando de casa toda semana, o coração que acelera numa simples caminhada apressada ao banheiro.

Desculpas existem aos montes: - não tenho tempo, a minha mãe esta doente, não tenho dinheiro para pagar uma academia, não tenho carro, são as mais conhecidas.
Começo depois do Carnaval.

Hoje é o último dia de janeiro.

Mas o principal que é tomar a iniciativa e dar o primeiro passo para mudar este perfil, poucos tem.

O sedentarismo é dos males do tempo moderno que mais mata segundo a Organização Mundial de Saúde.

Dê o primeiro passo para uma melhor qualidade e vida.

6h23 da manhã. Trigésimo primeiro dia de janeiro de 2008. Parque do Ibirapuera em São Paulo, uma “Corrida Zen”. Sob as árvores, observando a natureza, os pássaros, o gramado molhado das constantes chuvas. Essa é uma boa hora para relaxar, recarregar as baterias, absorver a pureza do ar da manhã. Rico em oxigênio, uma das principais fontes de Energia para uma vida longa, sadia. Completados 335 quilômetros nos trinta e um dias do ano. A média subiu para em 10,8 quilômetros por dia.

Wanderlei de Oliveira

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Das pistas para a passarela do samba


O Carnaval teve sua origem na Itália, através de uma manifestação popular antes da Era Cristã, conhecida com o nome de Saturnálias. As Saturnálias eram festas em homenagem a Saturno, deus greco-romano da agricultura e do tempo. Outras divindades da mitologia greco-romana, como Baco, o rei do Vinho e Momo, rei grego da Sátira e do Riso, também dividiam as honras nos festejos.

Já o Carnaval brasileiro, famoso no mundo inteiro, é originário do entrudo português, um conjunto de brincadeiras de rua em que as pessoas atiram água, farinha, ovos podres e fuligem umas nas outras. Trazido para o Brasil no século 17, o entrudo sofreu influência dos carnavais de países europeus, como a Itália e a França. Foi quando as máscaras, as fantasias e personagens, como o Pierrô, a Colombina e o Rei Momo, entraram para a festa brasileira.

Programação da Escola de Samba Mocidade Alegre
02 de Fevereiro de 2008 (Sábado) - 6ª Escola
Concentração na Quadra Social - 22:30 horas
Saída dos Ônibus para o Sambódromo do Anhembi - 01:00 hora
Chegada dos Ônibus no Sambódromo do Anhembi - 01:30 hora
Pré-Concentração - 01:55 hora
Concentração Oficial - 02:55 horas
Início do Desfile Oficial - 03:55 horas
Término do Desfile Oficial - 05:05 horas
A nossa ala será a vigésima quinta: ala dos roqueiros

6h21 da manhã. Trigésimo dia de janeiro de 2008. Dia de treino técnico no Centro de Excelência BM&F de Atletismo com biomecânica e circuit-training. Chegamos aos 320 quilômetros nos trinta primeiros dias do ano. A média esta em 10,6 quilômetros por dia.

Wanderlei de Oliveira

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Melhore seu desempenho profissional praticando esportes


Fazer alguma atividade física pode ser uma ótima saída para evitar problemas de saúde. A prática de esportes disciplina as atividades, regra horários e dá mais disposição para trabalhar.

Desempenho fraco, lentidão nas decisões e falta de criatividade podem ser resolvidos. Muitas empresas estão descobrindo que praticar algum tipo de esporte é uma das saídas mais rápidas e eficientes de recobrar a disposição, a agilidade e o vigor físico que a atividade exige.
A carga horária excessiva e a tensão constante em uma empresa desgastam igualmente executivos e funcionários operacionais.
Segundo o médico Renato Lotufo, especializado em medicina esportiva, fisiologista do Corinthians, comprova que em atividades estressantes há um grande nível de ansiedade e um maior número de pessoas obesas, fatores responsáveis pelo aumento de riscos de problemas cardíacos.

Os esportes mais indicados são os aeróbios, como caminhada, corrida, natação ou ciclismo. Os esportes individuais podem trazer gratificação emocional, porque permite uma avaliação exata do seu desempenho, enquanto um esporte coletivo dá margem ao questionamento de suas habilidades. Lembre-se de que você não é um atleta profissional e, portanto, não saia correndo tudo o que pode hoje, desistindo amanhã. Antes de começar, faça uma consulta a um médico, especializado em esportes ou clínico geral. Ele poderá detectar fatores de risco para orientar algum esporte e contra-indicar outros.

O exercício inadequado pode proporcionar desde problemas musculares até torções sérias de joelho e complicações cardíacas. Os exercícios orientados e acompanhados, por outro lado, fortalecem a musculatura e até diminuem os riscos de infartos.

Optando pela corrida por conta própria, por exemplo, muitos erram na intensidade a ser aplicada. Outro ponto importante diz respeito ao horário escolhido para praticar o esporte desejado. Em princípio não existe restrição. Pode ser pela manhã, no final da tarde ou até na hora do almoço. Recomenda o Dr. Renato Lotufo que o importante é que o horário não seja “atropelado” por outras obrigações e que sejam tomadas às medidas corretas de hidratação se for em um período de calor intenso. A prática de alguma atividade esportiva permitirá, de imediato, um bem-estar e uma maior disposição para as atividades diárias. É muito comum executivos que se iniciam em esportes pararem de fumar e passarem a comer e dormir melhor.

6h57 da manhã. Vigésimo nono dia de janeiro de 2008. Chove forte em São Paulo. Durante o trajeto até o Parque do Estado, não vi ninguém que se aventurasse na chuva. Chego ao Jardim Botânico. A primeira pessoa que vejo é o Dodô. Ele sorri e diz: “hoje só nós e os patos”. O Dodô, tímido, não gosta de sair de casa correndo de calção e camiseta. É comum vê-lo no parque cheio de roupa. Parece que está sempre de pijama, ainda mais hoje – frio e chuva. Até agora são 312 quilômetros nos vinte e nove primeiros dias do ano. A média permanece em 10,7 quilômetros por dia.

Wanderlei de Oliveira

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

300 km


Essa é a distância de São Paulo até o município de Araraquara. Só de ida. Araraquara é conhecida como a “morada do Sol”, que é a tradução de seu nome na língua Tupi.
Se cada par de tênis dura em média 500 km, isso significa que em breve terei que aposentar um dos pares. Mas isso não é problema, pois já estou amaciando um novo para substituir um dos quatro pares que uso para rodagem. Nos treinos de qualidade, uso um modelo mais leve, porém bem acolchoado. Na prova do dia 25 de janeiro, usei um modelo novo pré-amaciado especificamente para essa prova. Foi um sucesso. O resultado e o tênis. Nada como correr nas nuvens. A função do tênis é absorver o impacto. Para se recuperar de cada treino, eles precisam de no mínimo 48 horas. Daí a necessidade de revezá-los. Quem treina apenas quatro vezes por semana tem que ter no mínimo dois pares para rodagem e um par para treinos de qualidade. Se treinar todos os dias, são necessários mais dois pares. Seus pés, joelhos e coluna lhe agradecerão. Não economize nos tênis, mas sim nos excessos, como doces, churrascos, bebidas.
Percorrer longas distâncias fracionadas é a primeira condição para você ganhar resistência aeróbia. Conseqüentemente, excelentes resultados nas competições. Sem um bom volume de rodagem, seu organismo não terá capacidade aeróbia para suportar o esforço contínuo que exige uma competição de 10 km ou mesmo uma meia-maratona (21 Km) em ritmo forte.
A principal qualidade do ser humano é a resistência. Ela o deixará mais forte e imune a certas doenças. Baixa resistência é sinal de fraqueza. Quanto maior o volume de quilômetros, maior a queima de gordura. Veja por exemplo o Marílson Gomes dos Santos e a Lucélia Peres, nossos principais fundistas do momento. São magros, porém fortes. O volume de rodagem deles é o equivalente a 150 km por semana. Metade do que fiz até agora neste mês de janeiro, sem falhar um dia sequer.
Antes de pensar em sair correndo por aí em alta velocidade, vá devagar. Pense nos benefícios para a sua saúde a regularidade de fazer longas distâncias.

6h26 da manhã. Vigésimo oitavo dia de janeiro de 2008. Dia dos treinos de biomecânica do movimento e rampas. O local foi a “ladeira da solidão” no Parque do Ibirapuera em São Paulo. O objetivo é corrigir a postura, melhorar a técnica de subida. Ganhar potência e força muscular localizada. É um ótimo exercício para fortalecer panturrilhas, glúteos, peitorais. Completados 300 quilômetros nos vinte e oito primeiros dias do ano. A média está em 10,7 quilômetros por dia.

Wanderlei de Oliveira

Foto: Marílson e Lucélia, nossos principais fundistas da atualidade

domingo, 27 de janeiro de 2008

Xô, preguiça


Ontem foi o dia do ensaio técnico da Escola de Samba Mocidade Alegre no Sambódromo em São Paulo. Como em uma corrida, os mais de 3.500 integrantes da escola chegaram cedo para a concentração. Posicionaram-se em sua ala. Aqueceram. Todos juntos. Ensaiaram a coreografia. Afiaram o gogó. O objetivo é harmonizar, sincronizar a bateria, o samba enredo e os passistas. Durante os 65 minutos de desfile, tudo tem que dar certo. Isso requer treino e mais treino. O famoso maître e maratonista Oswaldo Silveira, 78, foi recepcionado em sua ala, a da gastronomia, como um verdadeiro chefe pela animadíssima Ia-Ia, responsável por esse grupo. Bexigas vermelhas para eles e bexigas verdes para nós (Ana Luíza, Patrícia, Nilton e Jaime), da ala dos roqueiros. As de cor vermelha iam para a esquerda. As de cor verde para a direita. Ou seja, mais uma demonstração de criatividade da Mocidade Alegre. Essa escola tem algo de especial. Foram as coreografias que a tornaram famosa, além das alas com muitas crianças. A Ana Luíza, como sempre, foi um show à parte. Querida por todos, inclusive pelos integrantes da ala gay. "Viva a diversidade", como é exaltado na letra do samba. Mas energia é com o senhor Oswaldo, que se enturmou com todos os componentes da escola. Até parecia que já os conhecia há muito tempo. Sambou, cantou. Depois de mais de duas horas de ensaio, já na praça da apoteose, onde terminava o desfile, o senhor Oswaldo não parava. Foi preciso chamá-lo várias vezes para ir embora. Isso porque já era mais de 10 horas da noite. Puxa que maravilha é a Ia-Ia e o pessoal da Mocidade Alegre comentou o maître e agora sambista. Estou realizando um sonho. Se você vive com preguiça, fale com o senhor Oswaldo Silveira, que ele tem um segredinho: seu energético.

7h30 da manhã. Vigésimo sétimo dia de janeiro de 2008. O Jardim Botânico de São Paulo nos reservou uma belíssima surpresa. O bicho-preguiça. Parecia um sinal. Ao chamar a Patrícia para treinar, ela esboçou ficar dormindo. Mas logo levantou e espantou a preguiça de domingo. O bicho-preguiça, que de preguiça não tem nada, ou melhor, apenas seu intestino. Pois faz suas necessidades fisiológicas há cada sete dias. Seu habitat é as copas das árvores. Mas, se você acha que ele é preguiçoso, está enganado. Ele não pára de se mexer, vai de um lado para o outro nas árvores. Apenas vai devagar. É magro. Ativo. Esperto. Faça como no refrão do samba enredo da Mocidade Alegre: “O dia vai, a noite vem, eu vou, sair, viver a boemia, curtir em Sampa várias atrações, me divertir até o raiar do dia”.
Já são 292 quilômetros nos vinte e sete primeiros dias do ano. A média permanece em 10,8 quilômetros por dia.


Wanderlei de Oliveira

sábado, 26 de janeiro de 2008

Corra com o relógio nas pernas

Esta expressão do português Mário Moniz Pereira ouvi em novembro de 1987 no Estádio José de Alvalade do Sporting Club de Portugal. Moniz Pereira, antes do treino, reuniu seus atletas para explicar o treino que seria realizado naquele dia. Moniz Pereira, 86, é vice-presidente do conselho do Sporting Club de Portugal, foi saltador de triplo, distância e altura na adolescência, é músico, professor, jornalista, escritor e foi técnico de grandes estrelas do atletismo como Carlos Lopes, campeão olímpico e Fernando Mamede, ex-recordista mundial dos 10.000 metros. Correr com o relógio nas pernas simboliza bem o sentido exato de se ter a noção do ritmo que se pretende desenvolver em uma competição.
Cada vez mais fica evidenciado que o atletismo, em especial as provas de longa distância, é para pessoas organizadas, determinadas, disciplinadas, que sabem conduzir o treino com inteligência. Paciência, para no momento certo imprimir ritmos mais fortes.
Na XI edição dos 10 K do Troféu Cidade de São Paulo, realizada neste domingo, dia 25, foi uma oportunidade de testar o que se aprende nos treinos. Em função do difícil trajeto pela Avenida Rubem Berta, 23 de maio e República do Líbano (segundo Jacob Nahmias, 75, que correu a prova, eram sete subidas), havia feito uma projeção para 40 minutos e 40 segundos, média de 4min04 por quilômetro.
A primeira parcial de 5 quilômetros, depois de uma boa largada, passei para 20min18. A segunda parcial, com mais subidas e retornos, fechei com 20min22. Observem que apenas quatro segundos de diferença. Praticamente nada. O tempo final foi de 40min36, média de 4min04. Perfeito! Apenas quatro segundos mais rápido do que o planejado.
A prova de 10 K foi realizada às 8 horas da manhã em percurso com várias subidas (curva fechada) e umidade relativa do ar superior a 80%, fatores que por si só já seriam suficientes para uma possível queda no rendimento.
O melhor indicativo de sua atual condição física: sempre será o seu desempenho nos treinos.
Lembre-se: "O que faz parar é o ritmo forte e não a distância”.

6h41 da manhã. Vigésimo sexto dia de janeiro de 2008. Enquanto observo o nascer do Sol por entre as árvores da reserva de Mata Atlântica do Parque do Estado de São Paulo pratico a “Corrida Zen”, depois de correr pensando em tempo na prova de domingo. Nada melhor do que esquecer o tempo e observar a natureza, relaxar. Até agora são 282 quilômetros nos vinte e seis primeiros dias do ano. A média esta em 10,8 quilômetros por dia.

Wanderlei de Oliveira

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Hoje o tempo ajudou

Essa foi a explicação que se ouvia para justificar o bom desempenho nos 10K Troféu Cidade de São Paulo, prova realizada nesta manhã de sexta-feira no Ibirapuera. Os termômetros registravam 18 graus às 8 horas quando foi dado a largada ao lado do Obelisco no Parque do Ibirapuera para os quase dez mil corredores que resolveram festejar o aniversário de São Paulo de um modo diferente: correndo.
Um dos que mais comemorou foi o nosso companheiro de treino Paulo Fernandes, consultor da Companhia de Seguros TRR. Seu tempo de vida hoje chega aos 43 anos. O tempo que ele levou para fazer os 10 quilômetros foi de 45 minutos.
Todos tiveram o mesmo tempo para começar a correr. Agora o tempo de chegada é proporcional ao tempo que você se dedicou aos treinos.
Tudo é uma questão de tempo. É o que disse para um dos integrantes do grupo de performance que estava com um tempo na cabeça, mas na prova fez outro tempo. O que o levou a imaginar que poderia fazer um tempo melhor foi o tempo que ele fez no teste dos 3.000 metros. Como é jovem, e tem pouco tempo de treino, hoje foi sua estréia nos 10 quilômetros. É só ter um pouco mais de tempo de treino que o tempo virá. Então, use mais o seu tempo ocioso, para: - estudar, treinar, trabalhar, passear, se divertir com a família, namorar, sambar, viajar – meditar.
Depois da competição, nada melhor do que dar um longo tempo de descanso para a próxima. Ainda em tempo, só para registrar a nossa querida São Paulo, terra da garoa completa 454 anos. Agora vou dar um tempo e me preparar para o ensaio amanhã no Sambódromo.
O enredo da Escola de Samba Mocidade Alegre é “Bem-vindo a São Paulo, sabe por quê? Porque São Paulo é tudo de bom!!!”.

8h00 da manhã. Vigésimo quinto dia de janeiro de 2008. Até agora são 270 quilômetros nos vinte e cinco primeiros dias do ano. Se você esta curioso para saber o meu tempo nos 10 quilômetros, foi 40 minutos. Um excelente tempo para início de temporada. Daqui pra frente – só o tempo dirá. A média esta em 10,8 quilômetros por dia.

Wanderlei de Oliveira

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Lua Cheia e o DODÔ

Hoje ao entrar no Parque do Estado em São Paulo, presenciei uma das mais belas cenas que já ví. Era 6h18, a Lua Cheia refletia uma luminosidade especial. Enquanto contemplava a sua beleza, uma garça que saiu do lago formado pela nascente do Ipiranga, cruza o céu passando à frente da Lua.

Quem me levou para conhecer o parque foi o Valdomiro Paulo Cocato, popular DODÔ que neste mês de janeiro completa 20 anos de treino na RUN FOR LIFE.
De lá prá cá o que mudou:

- perdeu o cabelo,
- perdeu a barriga,
- perdeu a vergonha.
- ganhou amigos,
- ganhou títulos,
- ganhou vida.

O jornalista Arnaldo de Sousa e o Nilton Maia, dois pesquisadores de fatos curiosos, descobriam um outro Dodô.

O Dodô da Ilhas Maurícios que não teve a mesma felicidade do Dodô de cá.
Mas tanto o de lá, quanto o de cá - são muito parecidos.


Nome em português: Dodô
Nome em inglês: Dodo
Nome científico: Raphus cucullatus
Época em que viveu: há 200 anos atrás, no atual Holoceno
Local onde viveu: Ilhas do Oceano Índico, sobretudo em Maurício
Peso da ave adulta: cerca de 23 quilos
Tamanho: 50 centímetros de altura
Alimentação: Herbívora

Por volta de 1505, os portugueses foram os primeiros europeus a descobrir o dodô. Esse estranho animal foi logo chamado assim por causa do som que ele produzia, como "doe-doe".

A figura mais antiga que se conhece dessa ave é de 1601, feita por De Bry, e representa um animal que foi levado vivo para a Holanda, por Van Neck - explorador holandês que andou em regiões próximas as Ilhas Maurício no final do século XVI.

Em 1681, aproximadamente, ele foi extinto pelos homens, cachorros, ratos e macacos introduzidos pelos europeus na ilha.

O dodô não foi o único pássaro de Maurício que foi extinto nos últimos séculos... Das 45 espécies de pássaros originalmente encontradas, somente 21 ainda sobrevive.

FONTE: http://www.girafamania.com.br/

6h00 da manhã. Vigésimo quarto dia de janeiro de 2008. Até agora são 258 quilômetros nos vinte e quatro primeiros dias do ano. A média esta em 10,7 quilômetros por dia.

Wanderlei de Oliveira

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

corrida em grupo

Além de ser divertida, nos dias em que você esta com preguiça – é uma motivação a mais. Surgem várias idéias. Sugestões. É uma boa hora para filosofar.

Hoje o grupo com quem treinei estava engraçado. Descontraído. Mesmo dando um duro no “circuit-training”. Como tem gente que foge desse treino. Se soubessem o quanto irá lhe fazer bem – principalmente lá na frente. A corrida se tornará mais confortável. As passadas mais alongadas. O deslocar para frente, será mais rápido. Eficiente.

Treinar duro, não significa se matar no treino. É fazer o melhor naquele momento. Organizado. Planejado. Relaxado. Focado. O Mister Wilson Amarante, um gentleman do esporte, com seu apuradíssimo humor negro sugeriu que cada integrante do grupo levasse uma foto antiga para fazermos um book. Ótima idéia! Com certeza daremos boas risadas. Só de imaginar aqueles que nasceram nos anos 50 e vivenciaram o movimento “hippi” nos anos 60 com suas tempestuosas madeixas, Hoje sentem falta da cabeleira. Não é o meu caso. Se soubesse como é bom ser careca, pediria a minha mãe para me manter com a cabeça feita desde os bons tempos de “Bebe Johnson”. Mr. Wilson que recentemente completou meio século de existência foi atleta de provas de 100 e 200 metros. Seus treinamentos eram realizados no Estádio Ícaro de Castro Mello, mesmo local de hoje. Prático, objetivo, Mr. Wilson mora a poucas quadras do Parque do Ibirapuera e do Grupo REDE, empresas de energia elétrica onde é diretor.


6h30 da manhã. Vigésimo terceiro dia de janeiro de 2008. Até agora são 248 quilômetros nos vinte e três primeiros dias do ano. A média esta em 10,7 quilômetros por dia.

Wanderlei de Oliveira

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

BASTIDORES DA GASTRONOMIA

A corrida além de um excelente esporte, também é cultura.

Nesta chuvosa manhã de terça-feira, no Parque do Ibirapuera em São Paulo, acompanhei o maître Oswaldo Silveira, 78, autor do livro “Bastidores da Gastronomia”, percorremos 15 quilômetros na grama encharcada. Silveira fez uma narrativa do best seller “Sopa de romã” da editora Jaboticaba. O livro é um romance escrito pela iraniana Marsha Mehran com tradução para o português de Nina Horta, proprietária do buffet Ginger aqui em São Paulo e também autora do best-seller “não é sopa, de 1996 da Companhia de Letras”.

Ficou com água na boca? Então aproveite para fazer uma visita ao senhor Oswaldo Silveira de quarta a domingo no chiquérrimo restaurante Charpentier do Hotel Frontenac em Campos do Jordão.

Truite de La Montagne

Para saborear uma boa truta, não é preciso subir a Serra da Mantiqueira. Há excelentes restaurantes em São Paulo.

Mas, para degustar a “truite de la montagne” uma novidade do maratonista, maitrê e agora sambista somente em Campos do Jordão.

Oswaldo Silveira será um dos destaques da Escola de Samba Mocidade Alegre neste carnaval na ala da gastronomia, que reunirá vários chefes famosos.

O prato de entrada é uma iguaria, truta grelhada ao molho de ervas finas com rúcula, agrião, endívias. Acompanhado de um delicioso vinho branco.

Como prato principal, uma outra surpresa: - o risoto dos mestres (arroz italiano, ervilhas, champion, tomate seco, favas).

A Patrícia e eu tivemos a honra de sermos os primeiros a conhecer a mais nova criação do famoso maître. Très Chic!

6h22 da manhã.
Vigésimo segundo dia de janeiro de 2008. Até agora são 242 quilômetros nos vinte e dois primeiros dias do ano. A média esta em 11,0 quilômetros por dia.

Wanderlei de Oliveira

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

EU SOU MOCIDADE

Entoando o grito “Eu sou Mocidade” ontem a noite aconteceu mais um ensaio na Escola de Samba Mocidade Alegre, no Bairro do Limão em São Paulo. No discurso de abertura a presidente Solange Cruz Bichara Resende disse que trocar de camisa todos podem, mais trocar o coração, isso não. Essa foi apenas uma das várias manifestações de amor a Escola demonstrada por ela e pelos vários integrantes que sambavam na quadra e faziam os últimos acertos com as fantasias. O enredo deste ano será: “Bem-vindo a São Paulo, sabe por quê? Porque São Paulo é tudo de bom! Um dos compositores do belíssimo samba-enredo é o Biro-Biro, que também é o chefe da nossa ala, a dos roqueiros. O enredo é de autoria de Sidnei França e o carnavalesco é o Zilkson Reis.

O primeiro contato que tive com a escola foi em 1971 quando ela foi campeã do primeiro grupo, hoje grupo especial. Eu e minha família estávamos assistindo o desfile na arquibancada, quando a Mocidade Alegre entrou na passarela, nos contagiou pela empolgação de todos os integrantes. Falei para o meu pai: um dia vou desfilar nessa escola. Coincidência ou não, o enredo que rendeu este título foi “São Paulo e seus carnavais”. A escola voltaria a ser campeão em 1972, 1973 e 1980. O quinto título em 2004 também falava de São Paulo "Do Além-mar à Terra da Garoa, Salve Esta Terra Boa", em homenagem aos 450 anos de São Paulo. Neste enredo, a Mocidade lembrou os imigrantes que vieram para a cidade. Já o enredo deste ano mostra uma São Paulo futurista, terra de oportunidades, multicultural. Uma gastronomia rica de sabores e a diversidade formada pelas várias tribos.

No ano passado a Mocidade Alegre foi eleita à campeã do Carnaval, com 200 pontos no total (nota máxima), àfrente apenas meio ponto da X-9 Paulistana e do Império de Casa Verde, que conquistaram 199,5 pontos cada.

A morada do samba

O Grêmio Recreativo Cultural Escola de Samba Mocidade Alegre foi criado no final da década de 40 pelos irmãos Carlos, Salvador e Juarez da Cruz, que tinham saído da cidade de Campos, no Rio de Janeiro.

Nos anos 50, desfilava como bloco com o estranho nome de "Blocos das Primeiras Mariposas Recuperadas do Bom Retiro", o curioso - somente os homens que desfilavam, as mulheres ficavam de fora.

Na década de 60, os fundadores mudaram o nome do bloco para Mocidade Alegre, em homenagem ao Bloco Carnavalesco Mocidade Louca, de Campos. Em 1963, as mulheres passaram a participar das apresentações.

Em 24 de setembro de 1967 se transformaria no Grêmio Recreativo Mocidade Alegre, e Juarez da Cruz, foi eleito o primeiro presidente.

As cores oficiais são o verde, o vermelho e branco.

A Mocidade foi a primeira escola paulistana a introduzir destaques sobre os carros alegóricos, adereços de mão e alas coreografadas. A escola também teve a honra de ser a 1º Escola de Samba a ser convidada pelo Ministério da Cultura a representar a Cultura da Raiz Paulistana na Europa.

Ainda hoje, a escola é comandada pela Família Cruz. Solange Cruz Bichara Rezende é a atual presidente. Um show à parte fica por conta da bateria nota 10 do Mestre Sombra que é marido da Solange e da rainha da bateria Nani Moreira.

Também conhecida como “A Morada do Samba”, a Escola de Samba da Mocidade Alegre fica na Avenida Casa Verde, 3498 no Bairro do Limão.

Particularmente gosto muito do refrão do samba hino que diz: “la vem ela, pra deslumbrar a passarela, Mocidade Alegre é a escola do meu coração” ·Se você quiser “cair no samba” esta feito o convite.

5h58 da manhã. Vigésimo primeiro dia de janeiro de 2008. Apesar de ter dormido tarde depois do ensaio na Mocidade Alegre, não cheguei atrasado no treino, não atravessei na pista de atletismo, não saí do ritmo nos tiros de 800 metros – todo o treino foi realizado em perfeita “harmonia”. Como bom mestre-sala que fui, até merecia uma nota 10 no Circuit-Training.

Até agora são 227 quilômetros nos vinte e um primeiros dias do ano. A média esta em 10,8 quilômetros por dia.

Wanderlei de Oliveira

domingo, 20 de janeiro de 2008

Trote em Bangkok

* por Adriana Marmo

Não importa para onde eu vá, meu par de tênis e meu polar vão juntos. Para a Tailândia, de onde escrevo nesse momento, não foi diferente. Mas ao chegar aqui descobri que correr pelas ruas de Bangkok, a capital do país, é uma loucura. A começar que não existem calçadas. Estou aqui há mais de vinte dias e até agora não me conformo com isso. Os pedestres não têm um lugar para caminhar e onde existe um espaço que lembra uma calçada, o local também é uma ciclovia, por onde passam as motos. Resultado: todas as pessoas estão motorizadas e, por isso, o trânsito é um caos. As regras que usamos no Ocidente simplesmente não existem por aqui. Ou seja, ando como uma barata tonta (aliás, ao caminhar é preciso cuidado para não pisar nelas e nos ratos). Nem fui louca de arriscar um trote. Vi apenas um casal de estrangeiros correndo, mas tenho certeza que aquela foi a primeira e a última vez deles, pois tinham cara de pânico. Para fazer o meu treino, preciso acordar às 5h, pegar um tuk-tuk (essa é a hora mais divertida) e ir até o Lumpini Park, onde chego em 5 minutos. Vou tão cedo por causa do trânsito e do calor insuportável. Vejo poucos tailandeses correndo. Os estrangeiros são maioria. No parque eles estão comendo, sentados nos bancos ou caminhando. Em um desses dias, fui trotar no final da tarde e presenciei uma das cenas mais curiosas de minha vida. De repente uma música começa a tocar e todas as pessoas ficam paradas, como estivessem brincando de estátua. Depois descobri que era a hora do rei. A Tailândia é um reinado e o povo simplesmente venera o seu soberano e o reverencia com esse "minuto de silêncio". Fiz como eles. É isso!

* Adriana Marmo, editora da Revista Manequim, treina há 10 anos na RUN FOR LIFE e passa férias na Tailândia com o Bento seu filho e o Nilson seu marido.

CORRIDA ZEN, FILOSOFIA de VIDA.

4 horas de manhã. Ouço o barulho da chuva batendo na janela do quarto. Antes de o galo cantar pela segunda vez, levanto. Faço a seqüência do “Súrya Namaskára”, saudação ao Sol e o Zazen (meditação). Às 5 horas tomo o suco antioxidante que eu mesmo preparo na hora e a vitamina energética. Um breve descanso após o desjejum em que aproveito para ler algumas páginas de um livro, antes de iniciar os alongamentos. Pronto. Saio para correr.

Em 1966 iniciei na pratica do atletismo por incentivo de meu pai. Mas foi somente em 1980 que comecei com essa rotina diária que dura até hoje. Nessa época trabalhava na Federação Paulista de Atletismo onde tive vários mestres, o comendador Evald Gomes da Silva, presidente da Federação, sabia tudo e mais um pouco desse esporte maravilhoso que é o atletismo. O Deodato Menici, um senhor bravo, exigente, de poucas palavras, um sábio. O professor Oswaldo Valdemir Pizani, habilidoso em lidar com o ser humano, profundo conhecedor das regras do atletismo. O português José Clemente Gonçalves, que editou o anuário de atletismo, um árduo trabalho de pesquisa. Com ele aprendi a ser estatístico. O senhor Paulo Ishigami, com paciência oriental era capaz de organizar um grande evento com excelente qualidade técnica. O coronel do exército Quirino Carneiro Rennó, rigoroso com a disciplina de seus alunos e atletas, para ele “hora é hora, nunca antes nem depois”. Mas com quem eu passava mais tempo era com o Ivo de Pádua Sallowicz, atleta que em 1933 igualou o recorde mundial de 100 metros em pista de carvão (10.3 segundos). Juiz de partida em todas as provas conhecia a malandragem de todos os atletas. Polêmico, engraçado e maloqueiro. Não estava nem aí para o que os outros pensavam, o que importava para ele era se divertir – ser feliz.

O que isso me trouxe: conhecimento, inspiração, energia, vitalidade, amigos, viagens. Trabalhei em Portugal. Corri as Maratonas de Nova York, Paris, Roterdã, Chicago. Conheci a Rússia, Japão, África. Conheci minha esposa na pista de atletismo.

Até onde quero chegar. Não sei! O que sei é que um dos meus sonhos é ver todo mundo bem, saudável – correndo.

6h30 da manhã. Vigésimo dia de janeiro de 2008. Parque do Estado de São Paulo. Uma corrida zen entre as palmeiras reais, pau-brasil, palmitos nativos, jacus, marrecos e vários pássaros que habitam o Jardim Botânico. Em um domingo chuvoso, pensei que seria o único, até encontrar o Dodô, que completou 67 anos e o casal Cida e Jean.
Hoje corri 12 quilômetros.
Agora são 222 quilômetros nos vinte primeiros dias do ano. A média esta em 11,1 quilômetros por dia.

Wanderlei de Oliveira

ENTRE AMIGOS

Comrades Marathon prova de 87 quilômetros realizada todo dia 16 de junho (dia da juventude) na África do Sul, há 85 anos.

Tudo começou no dia 24 de maio de 1921, onde apenas 34 corredores deram início a aventura. O vencedor foi o sul-africano Bill Rowan com 8h59min.

Considerada a corrida mais difícil do mundo, Comrades (significa amigos em africâner, um dos onze idiomas oficiais), se destaca pelo duro trajeto de 87 quilômetros, dos quais 84 quilômetros são em subidas.

Pontualmente às 5h30 horas da manhã, ao som do canto do galo (que é o sinal de partida), 16 mil corredores largam em Pietermaritzburg (cidade do interior da África do Sul) rumo a Durban (região litorânea). Sua direção é invertida todos os anos.

O tempo limite para completar o trajeto é de 12 horas.

Em 1997 acompanhei o Márcio Milan, diretor do Grupo Pão de Açúcar que aos 48 anos de idade, foi o primeiro brasileiro em 76 anos, a vencer este desafio, concluindo o percurso em 9h55min, média de 6min36 por quilômetro.

O melhor resultado pertence ao sul-africano Bruce Fordyce com 5h24min07, recorde que já dura 21 anos (1986). Fordyce é considerado o rei de Comrades e, entrou para a história como o maior vencedor. Foram oito anos seguidos (81, 82, 83, 84, 85, 86, 87, 88) e a nona vitória em 1990. O atleta mais famoso a vencer esta prova, foi o cubano naturalizado americano Alberto Salazar, em 1994; tri-campeão da famosa Maratona de Nova Iorque (80, 81 e 82), onde estabeleceu o recorde mundial de 2h08min13, em 1981. Salazar, também venceu a Maratona de Boston em 1982. Atualmente é técnico de cross-country em Portland, nos Estados Unidos.

Para o feminino o melhor resultado é da americana Ann Trason, com 5h58min50, estabelecido no ano de 1997. Trason, também havia vencido em 1996; por várias vezes foi a vencedora da Western States 100 Mile (160 quilômetros) Endurance Run, nos Estados Unidos e, recordista mundial das 50 milhas (80 quilômetros), 100 milhas e dos 100 quilômetros.

7h00 da manhã. Décimo nono dia de janeiro de 2008. Cidade Universitária de São Paulo, Centro de Práticas Esportivas da USP. Foram 20 quilômetros com os amigos, Nilton Maia, Arnaldo de Souza, Nilton Lima, Harry Thomaz Jr., José Alves Malheiros, Marcelo Silva e a única mulher do grupo a médica Selma Nakakubo, que já participou da Comrades Marathon em 2005. Ultrapassamos a barreira dos duzentos quilômetros. Até agora são 210 quilômetros nos dezenove primeiros dias do ano. A média esta em 11,0 quilômetros por dia.

Wanderlei de Oliveira

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

SILÊNCIO

Foi o pedido da educadora Mônica Peralta para os mais de 30 corredores que compareceram ao Yoga Run desta manhã no Ibirapuera em São Paulo.

O objetivo era correr em silêncio, observar a respiração, a biomecânica dos movimentos.

O silêncio traz lucidez para a mente. Relaxa o corpo. Controla o estresse.

Um ótimo exemplo de concentração é o Jacob Nahmias de 75 anos, comerciante, que durante os 40 minutos de corrida lenta contou 500 passadas. Jacob que nasceu na Grécia e aos 2 meses foi morar em Israel onde viveu até os 23 anos. Era músico, tocava pistão na orquestra filarmônica de Israel. O maestro e seu professor lhe indicaram um curso em Paris, quando o navio em que estava atracou no porto de Gênova, Itália, resolveu acompanhar um amigo que vinha para o Brasil, que dizia 'é terra do café e do carnaval, vamos ficar alguns dias, depois retornamos', só que a passagem era só de ida.

A viagem durou 14 dias até o porto de Santos. Seu pouco dinheiro já estava por terminar quando um amigo viu no Jornal 'O Estado de São Paulo', em empregos, que precisavam de um repuxador na industria Pelota-Peterco onde trabalhou por nove meses até se tornar comerciante. Aprendeu a ler e escrever o português com o Jornal 'A Gazeta Esportiva'. Jacob, fala seis línguas (português, espanhol, francês, hebraico, árabe e inglês), trabalha oito horas por dia.

Participou de quatro maratonas, três vezes em São Paulo 97 em 6h08, 98 em 5h45, 99 em 4h45 e a melhor em Paris 2000 com 4h07, no mesmo ano na Meia Maratona de Buenos Aires foi o quinto colocado com 1h53. Orgulha-se em mostrar os troféus conquistados nas diversas provas que participa ao redor do mundo. Já são quase duzentos.

6h00 da manhã. Décimo oitavo dia de janeiro de 2008. Centro de Excelência BM&F de Atletismo, Ibirapuera, São Paulo. Dia especial para o descanso ativo. Corremos 5 quilômetros em silêncio. Com isso chegamos aos 190 quilômetros nos dezoito primeiros dias do ano. A média esta em 10,5 quilômetros por dia.


Wanderlei de Oliveira

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Run For Life também em Florianópolis

Como em São Paulo, em Floripa não poderia ser diferente.
Os treinos também começam cedo e os locais escolhidos são a Beira-Mar Norte com uma área plana e estensa que inicia pouco depois da Trindade, bairro universitário que se estende até o cartão postal da cidade, a ponte Hercílio Luz, temos inclusive a pista de atletismo da UFSC (Universidade Federal de SC), o Parque do Córrego Grande, bem como outros locais que contemplam a beleza afrodisiáca da ilha.
Vanderlei Moreira, sempre foi um adepto da corrida, pois faz tempo que segue os passos de seu mentor Wanderlei de Oliveira.

Vale relembrar que Vanderlei já atuou como parceiro da Run For Life em muitos trabalhos como co-orientação de treinos para corredores e executivos de São Paulo, bem como fez acompanhamento técnico de corredores atletas e empresários a maratonas nacionais e internacionais, destaque para a maratona de Nova York.

Corredor paulistano de fundo há quase 30 anos, maratonista, com Know How técnico formado a partir da sua experiência de quase 10 anos em assessoria de treinamento para corredores, e hoje, na capital catarinense coordena pessoas todas as segundas, quartas e sextas, alternando os treinos e locais de acordo com a metodologia da Run For Life.

Tudo o que se move parte do zero

A maioria das pessoas pensa que para fazer o teste dos 3.000 metros é preciso estar em forma.
Ao contrário. O teste serve para colocá-lo em forma. Através dos resultados apresentados a cada avaliação, podemos dar seqüência aos treinos. O ápice do condicionamento físico só é possível em determinadas fases conforme a periodização dos treinos. No nosso caso o primeiro pico será no mês de abril e o segundo em setembro, período das principais competições na América do Sul e Europa. O tempo em si nos testes é um mero detalhe! O que importa para o técnico é observar o comportamento do atleta durante o teste.
Como ele inicia a corrida? Forte, fraco.
Qual sua reação quando é ultrapassado? Aumenta, diminui.
O que passa pela cabeça no meio do teste? Acelerar, desistir.
Como reage seu corpo? Bate o pé, flutua.
Qual sua atitude ao cruzar a linha de chegada? Chora, vibra.

O texto a seguir foi postado no blog http://niltonmaia.blogspot.com/.
O autor é o Nilton Maia, 32, corredor que busca o sentido da vida.

"Tudo que se move parte do zero.
O mais rápido ... parte do zero
O mais lento ... parte do zero
Qual a diferença de um para o outro?
O final.
Qual a importância de saber isso?
Todos nós somos iguais no começo.
Temos infinitos caminhos a percorrer.
Uns chegam mais rápido,
outros podem demorar um pouco ou muito,
mas não impede que cheguem ao mesmo lugar.
Existe o outro lado.
Qual a importância de chegar antes,
se não se sabe o que fazer depois?
A velocidade nem sempre é a maneira mais rápida
de se chegar a algum lugar,
mais sim, a consciência de como vai chegar e continuar..."

6h15 da manhã. Décimo sétimo dia de janeiro de 2008. Parque do Ibirapuera, São Paulo. Rodagem confortável no gramado, para desintoxicar os músculos devido ao teste no dia anterior. Esse foi o assunto principal durante os 15 quilômetros. Estamos com 185 quilômetros nos dezessete primeiros dias do ano. A média está em 10,8 quilômetros por dia.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Minha primeira (e última) São Silvestre

por Karine César

Despedir-me do sol, no dia 31 de dezembro, não foi tarefa fácil. Questionei-me várias vezes se estava fazendo a coisa certa de abandonar aquele dia maravilhoso na praia para subir à "Selva de pedra" e correr pelos corredores de concreto. Mas, tinha um compromisso com a São Silvestre e, principalmente, comigo. Confesso que, mesmo amando correr, a tradicional prova nunca foi meu sonho. A data era meu maior empecilho porque sempre estava viajando nesta época. Ano passado, no entanto, eu ficaria no litoral paulista e em uma hora estaria em São Paulo. Era o momento perfeito para me inscrever em uma das provas mais comentadas do mundo. Tudo estava perfeitamente organizado. Subiria no dia 31, correria, voltaria para a praia e fecharia meu ano nas areias do Guarujá. Tudo feito, mas eu não contava com a famosa preguiça. Quando vi o sol entrando pela janela e todos os meus familiares e amigos vestidos para praia, o arrependimento veio à tona. Porém, eu tinha que continuar não importava o quanto fosse difícil. Já coloquei o short, o top, a camiseta e o tênis para entrar no clima e não cair na tentação de vestir um biquíni. Despedi-me de todos e vi nos olhos de cada um certo grau de orgulho (ou seria de perplexidade com a minha "loucura"). Bom, não importa. Prefiro pensar que foi a primeira opção. Pronto, agora estava pronta para enfrentar o desafio. Falei para mim mesmo: será a primeira e última São Silvestre! Cheguei em São Paulo quase quatro horas antes da largada. Relaxei um pouco, mas o nervosismo é inevitável. Quando cheguei na estação Trianon-Masp, tive idéia da magnitude do evento. As escadas rolantes estavam lotadas. Parecia até horário de pico. Mas, ao invés de ternos e gravatas, shorts e camisetas desfilavam pela avenida. Não havia mais espaço.Tentei me espremer entre os outros atletas para conquistar um lugarzinho mais perto da largada. Enquanto aguardava o início da prova, fui me distraindo com o pessoal fantasiado. Aquelas figuras que a gente vê na tevê e acha o máximo. Na hora, no entanto, a única coisa que passava pela minha cabeça era como eles corriam com tanta roupa com aquele calor que fazia. Eu já estava passando mal e estava com tão pouca roupa. Mas, eles são um show à parte. A prova é por si só uma sensação! Foi dada a largada. Caminhei até perto do tapete. Depois, passei para uma corrida leve. Ainda não estava no meu ritmo. Era muita gente e todos estavam no mesmo passo. Tentava desviar, mas era bem difícil. Procurei ficar na minha. Na descida da Consolação, comecei a prestar atenção nas pessoas que estavam assistindo. Elas realmente vibram junto e são a graça de tudo. Os gritos das pessoas me fizeram arrepiar. Nunca tinha passado por uma experiência assim. Realmente, a prova é emocionante e única. Já estava feliz por estar participando. Conforme fui chegando ao sétimo quilômetro, o ritmo foi caindo. Fui sentindo um mal-estar... Internamente, eu pensava: será o calor, a falta de treino, os quilos extras... Afinal, o que estava me fazendo "quebrar" (jargão para quando você perde o pique na corrida)? Minha cabeça estava a mil. Eu, realmente, tinha que ter perdido uns três, quatro quilos para correr mais leve. Faz uma diferença! E a musculação que eu parei? Ah, sim, era ela a culpada. Afinal, não estava cansada, mas minhas pernas não me obedeciam mais. Refleti mais um pouco e assumi para mim mesmo que a única culpada era eu. Faltei muitos dias aos treinos na pista de atletismo do Ibirapuera. Meu treinador (Wanderlei) tentou me alertar. Mas, convenhamos acordar às 5h30 quase todos os dias para quem chega do trabalho depois das dez da noite em casa, não é tarefa simples. Eu estava pagando – bem alto - pelos meus erros. Não havia justificativa. Mesmo assim, tentei curtir o percurso. Em cada esquina, via um rosto de esperança. De repente, um gritava "falta pouco", "já ta chegando", "veio aqui para correr ou para andar", "aumenta o ritmo". Na hora, eu xinguei internamente, tenho que confessar. Só eu sabia o esforço que estava fazendo. Definitivamente, não era meu dia! Entretanto, um minuto depois, lembrava que aquelas pessoas estavam ali de bom grado, tentando nos ajudar e eu os recriminando. Nas ruas do centro, as pessoas saíam de casa com mangueiras e molhavam os atletas para diminuir a nossa dor. Isso não tem preço. Os expectadores compartilham cada momento de emoção com a gente. Não há como explicar. Diminui bem o meu ritmo, mas não parei de correr em nenhum minuto. Essa era a minha meta. Fiz 1h34m. Um tempo muito aquém do que eu esperava. Eu posso colocar a culpa em várias coisas. Na realidade, todo atleta que não chega no tempo estabelecido, arranja uma ou várias desculpas para justificar seu mal-desempenho. No fundo, nos mesmo somos os culpados. Eu assumo o meu: fiz tudo errado o ano passado. Faltei aos treinos, não me dediquei com afinco e comi tudo errado. Eu havia me comprometido com a editora da revista Corpo a Corpo e com o meu técnico a fazer tudo certo até a São Silvestre. Falhei, mas aprendi muitas coisas sobre corrida nesses quase três meses de preparação. Afinal, nunca havia treinado com o acompanhamento de um especialista. E faz muita diferença! O saldo positivo é de que a partir de agora não subestimo mais os treinamentos, serei tão solidária com as pessoas como elas foram comigo durante o percurso e, mesmo não tendo me superado, eu pelo menos queimei mais ou menos umas mil calorias e passei o reveillon mais leve. Pelo menos, até o momento da ceia... No início, falei que seria a minha primeira e última São Silvestre. Agora, já não sei. O que importa é que quero treinar muito para não ficar mais brava comigo. E se vale uma dica: corra, pelo menos uma vez a São Silvestre. Você não vai se arrepender. Assim como eu não me arrependi. Pelo contrário, amei!

* Karine César é editora da revista Dieta Já, da Editora Símbolo

Sem medo de ser feliz

O que admiro nos jovens é que eles não têm medo do perigo. São valentes. Audaciosos. O que importa é conseguir o que querem. Quando me refiro em ser jovem, pode ser o de 20, 30, 40, 50, 60, 70 ou mais anos.

Na letra da música o que, é o que é? cantada por Gonzaguinha ele expressa bem esse sentimento. “Viver! E não ter a vergonha de ser feliz, cantar e cantar e cantar a beleza de ser um eterno aprendiz...”.

O Marcelo Silva, 26, advogado da CCEE, mostrou essa ousadia. No dia anterior ele perguntou se poderia tentar saber onde poderia chegar. Como venho acompanhando diariamente o empenho dele nos treinos, falei que poderia arriscar. Porém com certa cautela. Caso sinta algum desconforto, diminua.

Chegou a hora. Sem tomar conhecimento de quem estava ao seu lado, saiu disparado no teste dos 3.000 metros no Centro de Excelência BM&F de Atletismo. Os que vinham atrás, eu era um deles. Achavam que na primeira volta de 400 metros diminuiria o ritmo. Veio a segunda, a terceira, quarta volta e nada. Ele na frente. Pensamos, nos 2.000 metros passamos por ele e tchau! E nada. Última volta, é agora. Vamos!

Como na parte final da música do Gonzaguinha, “e a vida o que é? Ela é a batida de um coração. Ela é uma doce ilusão. He! Hô!... E a pergunta roda, e a cabeça agita, fico com a pureza da resposta das crianças, é a vida, é bonita, e é bonita...”. É a vida!

O Marcelo completou os 3.000 metros em 11 minutos e 19 segundos, média de 3 minutos e 46 segundos por quilômetro. Excelente, por ser a primeira avaliação da temporada e sua segunda experiência na distância. O primeiro teste ele completou em 11 minutos e 54 segundos.

6h00 da manhã. Décimo sexto dia de janeiro de 2008. Conjunto Desportivo Constâncio Vaz Guimarães, estádio Ícaro de Castro Mello. Por termos realizado o teste dos 3.000 metros (11min26seg), entre o aquecimento e o desaquecimento, fizemos 8 quilômetros no total. Já são 170 quilômetros nos dezesseis primeiros dias do ano. A média esta em 10,6 quilômetros por dia.

Wanderlei de Oliveira

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Encontro com a monja

Acompanho o belíssimo trabalho da Monja Coen há muitos anos. Cada encontro, um reencontro.
Parece que somos amigos de longas datas. No domingo passado, a Patrícia o Nilton Maia e eu fomos até a Comunidade Zen Budista Zendo Brasil, ao lado do Estádio do Pacaembu, interessados em conhecer o Zazen.

Antes de iniciarmos a prática, um de seus discípulos pacientemente explicou a todos como proceder antes de entrar no Templo Tenzuizenji. As posições das mãos. Como entrar. Em qual dos lados da porta de acesso ao Templo entrar. Como andar. Onde sentar. Como sentar. Que roupa usar. Como respirar. E depois de tudo isso ficar quieto. Não que todos já estivessem falando. Entramos quietos e saímos calados. O Zazen é isso. Relaxar na postura sentada com as pernas cruzadas, de frente para a parede. Respirar pausadamente. Alinhar a postura. As mãos pousadas uma sobre a outra confortavelmente abaixo do umbigo, formando um círculo com os polegares. Esta é a posição do mudra cósmico. Vinte minutos em silêncio, fazendo uma contagem mental da respiração. Após, calmamente nos levantamos e iniciamos a “Caminha Zen”, criada pela Monja Coen. A cada passada uma respiração. Caminhamos em fila indiana, formando um círculo, até retornarmos ao ponto de partida. Mais dez minutos de Zazen. Isso é meditar.

Silenciosamente, a Monja Coen passa por nós e se senta à nossa frente. Observa cada um que está no Templo. Sorrindo, saúda a todos. Nesta segunda-feira, dia 14 de janeiro, ela completou 25 anos que se tornou Monja. Em 1983 ela morava em Los Angeles, nos Estados Unidos. Ela esclareceu uma dúvida freqüente sobre o Zen. “Ser Zen não é estar à toa, sem fazer nada. Ser Zen é estar presente. Ativo. Participativo. “Compromissado”. Ela também comparou a prática do Zazen com o treinamento de um maratonista. “Exige disciplina diária, paciência, persistência. Quando vem o cansaço no quilômetro 30, temos que tirar uma força extra de dentro e seguir em frente. Até a linha de chegada. Ter um objetivo definido – é essa força que faz com que você não pare no meio do caminho. O objetivo, a prática, o entusiasmo conduzem à vitória.”

Prontos para irmos embora, sorridente como sempre, a Monja Coen nos chamou e nos ofereceu algumas mensagens escritas em japonês de bênção e proteção. Disse também que se lembra de mim freqüentemente. Em 2006, a Patrícia Vismara, que tem como hobby artesanato em madeira e biscuit, me usou como modelo e fez uma lembrancinha oferecida aos amigos em meu aniversário. A Monja guardou. Quanta honra!

6h00 da manhã. Décimo quinto dia de janeiro de 2008. Parque do Ibirapuera em São Paulo. Acompanhado pela Patrícia, a jornalista e maratonista Fernanda Paradizo, o Nilton Maia, o Marcelo Silva e o Nilton Lima, contornamos o parque pelo gramado. Tranqüilos, conversando pausadamente, respiração ritmada. Trocamos conhecimento. Novos objetivos, já pensando em 2009. Uma “Corrida Zen”.
Hoje foram 10 quilômetros. Já são 162 quilômetros nos quinze primeiros dias do ano. A média está em 10,8 quilômetros por dia.

Wanderlei de Oliveira

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Grandes mestres

Segunda-feira em São Paulo. Para muitos o dia da preguiça. Para poucos, primeiro dia do ano, uma vez que retornam ao trabalho após férias coletivas. Essa época do ano no futebol profissional foi batizada de pré-temporada. Para nós do atletismo é o período de base e já estamos na segunda semana de treinos. Todas as manhãs são especiais, hoje foi a vez dos tiros em rampas. Após um longo aquecimento, que incluiu alongamentos no Centro de Excelência BM&F de Atletismo, seguimos para o Parque do Ibirapuera. Realizamos os exercícios de técnica de corrida “biomecânica dos movimentos” e, após 60 minutos de preparação, iniciamos as rampas. A inclinação da rampa foi de 45%. Acima disso, pode sobrecarregar demais as articulações, dos membros inferiores e superiores. A distância escolhida foi de 50 metros. Trabalhamos a resistência muscular localizada, força explosiva, velocidade controlada. É também um excelente exercício para se corrigir, aprimorar a biomecânica da corrida específica em subidas.
A princípio, não se usa força, mas conscientização da postura. Movimentos sincronizados dos braços. Posicionamento dos pés no solo. Velocidade de reação no impacto. Elevação. Impulsão. Amplitude para frente e para cima, sem perder o tempo exato de cada passada.
O destaque desse treino foi o senhor Oswaldo Silveira, que completou 78 anos e deu um show de vitalidade. O craque em coordenação dos movimentos é o Jacob Nahmias, de 75 anos. A dona Mitico Nakatani, 75 anos, campeã Mundial de Maratona, é o exemplo de persistência. Eles são nossos “grandes mestres”.
Segundo pesquisas do American College Sports Medicine, exercícios de alto impacto, com acompanhamento, podem prevenir a osteoporose em pessoas acima dos 60 anos.
Tudo isso aconteceu na Ladeira na Solidão.

6h00 da manhã. Décimo quarto dia de janeiro de 2008. Devido ao treino técnico de tiros em rampas, fizemos 5 quilômetros. Já são 152 quilômetros nos catorze primeiros dias do ano. A média está em 10,8 quilômetros por dia.

Wanderlei de Oliveira

domingo, 13 de janeiro de 2008

Adriano Bastos é penta na Disney


O brasileiro Adriano Bastos venceu neste domingo, dia 13 de janeiro, a 15ª edição Maratona da Disney, disputada em Orlando, nos EUA. Com o resultado, o atleta sagra-se como o primeiro pentacampeão da prova que o consagrou internacionalmente. Ele venceu as edições de 2003, 2005, 2006 e 2007. A largada da Maratona acontenceu no Epcot Center, às 6 horas da manhã.

Resultados
Masculino
1. Adriano Bastos (BRA) - 02:20:56
2. John Garton (EUA) - 02:35:01
3. Lance Jones (EUA) - 02:37:57
4. Matthew Dobson (EUA) - 02:41:03
5. Kevin Lyons (EUA) - 02:41:59

Feminino
1. Melanie Peters (EUA) - 02:47:29
2. Sonja Friend (EUA) - 02:49:24
3. Christa Benton (EUA) - 02:52:49
4. Janine Peart (EUA) - 03:02:50
5. Connilee Walter (EUA) - 03:06:44

Pequenos mestres

Observe uma criança desde a hora que ela acorda, até a hora de dormir. Primeiro que ela acorda sem precisar de despertador. Segue os instintos naturais, de que já dormiu o suficiente. E vai dormir a hora que o corpo dá o sinal. A criança, quando está brincando, cai, se rala, faz hematomas e não chora. Só chora se um adulto se aproxima e pergunta se está doendo. Aí ela cai em prantos. Caso contrário, passa despercebido. Quando a criança acorda, ela não vê a hora de sair para brincar com os amiguinhos, não importa se está frio, chovendo. O que ela quer é se divertir.

Para a criança tudo é motivo de alegria. Conhecer novos amiguinhos. Novos brinquedos. Novos lugares. Festa para a criança é todo dia. A Luana, minha netinha, de 4 anos, passou quatro semanas perguntando para a Gisele, sua mãe, a cada manhã, se hoje era seu aniversário. Há poucos meses, a Luana conheceu a Giovanna, sobrinha da Patrícia. Sinergia total. Parecia que eram amiguinhas há anos. Brincaram o dia inteiro sem se cansar. Somente pararam na hora de ir embora para suas casas. As crianças são livres, saudáveis, incansáveis. Elas comem apenas o suficiente, para ter mais tempo de brincar. Aprenda com esses pequenos mestres – a viver com mais energia, alegria, entusiasmo!

7h00 da manhã. Décimo terceiro dia de janeiro de 2008. Depois de passar o dia inteiro de sábado em festa, acordei mais tarde neste domingo. A Patrícia e eu fomos padrinhos de casamento da minha sobrinha Daniela. Além da belíssima festa, foi bonito ver a integração entre minhas irmãs, sobrinhos, amigos e pais. Em plena chuva, fiz mais uma “corrida zen”, no Jardim Botânico de São Paulo. Hoje foram 12 quilômetros. Já são 147 quilômetros nos treze primeiros dias do ano. A média está em 11,3 quilômetros por dia.

Wanderlei de Oliveira

sábado, 12 de janeiro de 2008

Devagar e sempre, até sentir falta

Em 2006, participamos de um workshop para jornalistas sobre “atualização em medicina esportiva”, onde foram abordados vários assuntos relacionados à atividade física. Com a massificação da corrida de rua no Brasil e no mundo, e a constante busca por uma melhor qualidade de vida nas grandes cidades, é comum se ver iniciar a prática esportiva de forma brusca e exagerada. Aproveitamos a oportunidade para fazer uso das sábias palavras do professor doutor Henrique Lederman, “devagar e sempre, até sentir falta”. Lederman, de 60 anos, é professor titular de radiologia da Unifesp – Universidade de São Paulo, Escola Paulista de Medicina, e também maratonista, com participação em seis maratonas internacionais.

Lento e suave
Quando uma pessoa inicia um exercício físico, o organismo sofre transformações no funcionamento para adaptar os órgãos a essa mudança. Coração, pulmões, músculos e circulação passam por modificações que, dependendo dos antecedentes e hábitos, resultarão em maior ou menor eficácia na produção de energia. Essa fase inicial é de fundamental importância para qualquer tipo de atividade física. Para que ocorra uma perfeita adaptação ao exercício, é recomendável que o início da atividade seja lento e suave. Movimentos bruscos e rápidos são contra-indicados nessa fase de ajustes. O aquecimento prepara o atleta fisiológica e até psicologicamente para um evento e pode reduzir as chances de lesão articular e muscular. O processo de aquecimento alonga os músculos e, portanto, permite alcançar um maior comprimento quando uma força é aplicada. Fazem parte desse aquecimento exercícios de alongamento, trotes leves e suaves e exercícios articulares de amplitude (passadas mais largas em um percurso plano e reto). Nesse aquecimento os músculos específicos devem ser utilizados de forma a simular a corrida e a produzir toda a amplitude dos movimentos articulares.

O aquecimento deve ser gradual e suficiente para aumentar a temperatura muscular e central, sem causar fadiga nem reduzir as reservas de energia. É claro que isso varia de pessoa para pessoa. Um bom aquecimento para um atleta olímpico pode levar à exaustão uma pessoa que se exercita por recreação. Se possível, faça uso diário de seu frequêncímetro para o autocontrole de sua freqüência cardíaca (cada pessoa possui um sistema cardiovascular e respiratório - único), assim você terá a certeza de não ir além do necessário (verifique o limiar no resultado de seu exame ergoespirométrico). Nas rodagens, utilizamos o sistema aeróbio (equilíbrio de oxigênio). Nos treinos de ritmo, intervalado, fartlek, o sistema anaeróbio (débito de oxigênio). O segredo do sucesso em competições é o equilíbrio e a eficiência dos sistemas aeróbio e anaeróbio.

6h30 da manhã. Décimo segundo dia de janeiro de 2008. Hoje a Patrícia e eu aproveitamos para fazer uma “corrida zen” por entre as Palmeiras Imperiais e Pau-Brasil (árvore que deu origem ao nome do nosso país), no Jardim Botânico de São Paulo. O correr zen é observar a sua respiração, os movimentos do seu corpo, o pulsar ritmado do seu coração, sentir a brisa, observar o nascer-do-sol, o canto dos pássaros, as folhas caindo das árvores. Essa é uma forma de meditação em movimento. Hoje fizemos 15 quilômetros. Já são 135 quilômetros nos doze primeiros dias do ano. A média está em 11,2 quilômetros por dia.

Wanderlei de Oliveira

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Suco antioxidante

Ingredientes
suco de 1 laranja e 1 limão
1 cenoura média
1 beterraba média
1 tomate
4 fatias de gengibre
18 folhas de hortelã
10 gotas de própolis (em casos de gripe, colocar 30 gotas)
2 colheres (chá) de pólen
2 colheres (chá) de levedura de cerveja

- Triturar tudo no liqüidificador e tomar diariamente in natura (sem coar) pela manhã antes do desjejum.
- Ao tomar o suco antioxidante, mentalize que você está recebendo o que a natureza tem de mais puro (energia e as vitaminas dos alimentos).
- O efeito benéfico é imediato, porém você colherá os frutos (pele saudável e intestino regular) com o uso freqüente. Antes do suco antioxidante, tomar todas as manhãs 200 ml de água natural com uma colher (chá) de guaraná em pó (em jejum).

Origem
A origem deste suco data do início dos anos 80, quando conheci um mestre de Yoga hindu, com mais de 70 anos, saudável, que me ensinou um de seus segredos, além de correr os 10 km em 42 minutos. Com o passar dos anos, acrescentei pólen, tomate e hortelã.

Análise Nutricional pelo Departamento de Nutrição da USP
O suco contém boa quantidade de antioxidantes, que são elementos que combatem o envelhecimento do organismo, até mesmo causado pelos exercícios físicos. É nutritivo, pois contém betacaroteno, vitamina E, C, vitaminas do complexo B, sódio, potássio, ferro, cálcio, magnésio, fósforo, zinco, entre outros.
O pólen das abelhas contém proteínas, vitaminas do complexo B (que participam do processo de produção de ATP), carboidratos e várias enzimas. Podem ajudar na prevenção de espirros, secreção nasal e outros sintomas decorrentes das alergias sazonais.
Já o própolis é um antibiótico natural, preparado pelas abelhas, é composto de resinas, balsamos, ceras e pólen. De grande poder bactericida, é empregado nos casos de gripes, febres, afecções da garganta, vias respiratórias, má digestão. Favorece a formação de anticorpos e eleva o nível de proteínas no sangue. Também é usado em casos de cortes, picadas de insetos e herpes.
O pó de guaraná é muito conhecido como estimulante natural e pode deixar o indivíduo em sinal de alerta.
O levedo de cerveja contém um potente antioxidante, chamado ácido alfa-lipóico, que tem se mostrado promissor no tratamento de algumas lesões cerebrais.
A hortelã é cultivada em todo o mundo como agente aromatizante e fitoterápico. Relaxa a musculatura do trato digestivo, ajudando a aliviar as cólicas intestinais e a flatulência (gases). Além disso, é um antídoto para o mau hálito.
Para aqueles com propensão (ou que apresentem) ácido úrico, o tomate deve ser adicionado sem as sementes.

Nutrientes - Valores por receita
Calorias (Kcal) - 243
Proteínas (gramas) - 10,38
Lipídeos (gramas) - 1,05
Carboidratos (gramas) - 10,80

“Seja feliz e saudável cuidando de sua mente e seu corpo”

Wanderlei de Oliveira

Como é bom relaxar!

Após um início de semana com treinos puxados, nada melhor do que relaxar.
Na segunda-feira, fizemos o fartlek no gramado da Praça da Paz, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo. Na terça, rodagem de 15 quilômetros. Na quarta, o circuit-training, com direito à biomecânica dos movimentos antes, exercícios depois e tiros de 800 metros progressivo na pista de atletismo, para terminar. Na quinta-feira, novamente rodagem de 15 quilômetros. Hoje, um treino leve de relaxamento. Foram 15 minutos de alongamentos, seguidos de 40 minutos de corrida lenta e caminhada descalço no gramado. Muitas pessoas acham que para se recuperar de um esforço intenso devem fica paradas. Ledo engano. O melhor mesmo, segundo o American College Sport Medicine, é fazer uma atividade física leve, contínua. Com isso, são dissolvidas todas as toxinas acumuladas devido à intensidade do exercício.
Um atleta relaxado rende mais. Machuca-se menos. E, por incrível que pareça, corre mais rápido. Isso mesmo. Você já deve ter visto um atleta de alto nível dos 100 metros correndo. Parece que ele vai se desintegrar. Os músculos da face balançam. Isto é estar relaxado. Músculos descontraídos economizam energia. Faz você flutuar e, conseqüentemente, se locomover mais rápido. Uma pessoa relaxada é mais feliz, alegre, entusiasmada.
Então, está esperando o quê? Vamos relaxar.

6h00 da manhã. Décimo primeiro dia de janeiro de 2008. Mais de 50 pessoas participaram do primeiro treino de Yoga Run no Centro de Excelência BM&F de Atletismo. O nascer-do-sol nos proporcionou revigorar todas as energias: física, mental, emocional e espiritual, além de ativar a energia metabólica, através do ar fresco, puro, que tivemos o privilégio de usufruir. A outra fonte metabólica energética provem dos alimentos que consumidos. Daí a necessidade da importância de uma alimentação equilibrada. O suco antixidante, que tomo há mais de 25 anos, possui nutrientes rico em energia. Experimente! Viva com Energia!
Hoje fizemos apenas 5 quilômetros. Até agora já são 120 quilômetros nos onze primeiros dias do ano. A média está em 10,9 quilômetros por dia.

Wanderlei de Oliveira

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

E aí, meu irmão?

A CORPORE (Corredores Paulistas Reunidos), quando foi criada em 1982, usou como referência a CORJA (Corredores de Rua do Rio de Janeiro), que já existia. Dessa experiência, nasceu uma parceria que dura até hoje. Conhecemos o jornalista José Inácio Werneck, na época colunista de esportes no Jornal do Brasil e também editor da revista Viva, sobre corrida, o Fernando Azeredo, empresário, maratonista, e o Rodolfo Eichler, também maratonista. Eichler, que tive a honra de ser seu técnico, chegou a fazer 3h06 na maratona com mais de 50 anos. Rodolfo é membro da IAAF e diretor das principais corridas de rua do Brasil. Honra maior tive em ser escolhido como o primeiro técnico do Rodrigo Eichler, seu filho, que veio se tornar um grande corredor de 1.500 metros rasos. Rodrigo teve a oportunidade de treinar junto com o medalhista olímpico Joaquim Cruz, em San Diego, na Califórnia, nos Estados Unidos, sob a orientação de Luiz Alberto de Oliveira. De volta ao Rio, Rodrigo lançou a primeira revista especializada em triathlon no Brasil, a Tri Sport (www.trisport.org). E, como bom editor, já completou vários Ironman, prova de 3,8 quilômetros de natação em mar aberto, 180 quilômetros de ciclismo, e para completar, os 42.195 metros da maratona. Por oito anos, Rodrigo coordenou o Pão de Açúcar Club do Rio de Janeiro, onde chegou a ter mais de 400 corredores. Um sucesso. Porém, chegou ao fim. Ontem, no final de tarde, ele me liga e pergunta: “E aí, o que você vai fazer amanhã cedo?” “Vou correr 15 km. Vai encarar?”, perguntei. "A que horas?", ele quis saber. "Às 6 horas. Não vai amarelar?", falei. "Tá me estranhando?", ele respondeu. Então vamos lá.

6h15 da manhã. Décimo dia de janeiro de 2008. Nilton Lima, comandante da CCEE, o ex-goleiro Marcelo Silva, também da CCEE, o Nilton Maia, empresário de fitness, o Rodrigo Eichler e eu partimos em direção ao Parque do Ibirapuera. Os primeiros 40 minutos, bem lento, cada um contando a sua história. Aos 45 minutos, chega o jornalista Arnaldo de Sousa, festivo como sempre. Arnaldo não participou do circuit-training no dia anterior e estava com energia sobrando. Ameaçou aumentar o ritmo. Vai devagar, meu irmão. A seguir se junta ao grupo a médica Selma Nakakubo, nova ameaça de aumentar o ritmo. Mas sob controle.
Foram 15 quilômetros pelo gramado. Somados, já são 115 quilômetros nos dez primeiros dias do ano. A média subiu para 11,5 quilômetros por dia.

Wanderlei de Oliveira

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Começou a temporada

Essa é a melhor época para usar o circuit-training, um método de treinamento que vai ajudá-lo a enfrentar o início de preparação para ganhar mais força e resistência.

Como surgiu?
Na Europa nos anos 50, os fisiologistas e técnicos perceberam que seus atletas levavam desvantagens nos Jogos Olímpicos em relação aos países com climas mais amenos, que conseguiam treinar ao longo do ano. Para suprir essa deficiência, em 1953, na Universidade de Leeds, na Inglaterra, Adamson e Morgan desenvolveram a primeira estrutura do “treinamento em circuito”. A princípio, o objetivo era treinar em ambiente fechado, onde foram dispostas várias estações nas quais eram realizados exercícios com números e tempos predeterminados. Esse novo método de treinamento fez muito sucesso. Os técnicos alemães nos anos 70/80 aprimoraram esse método e empregaram no atletismo, que auxiliou na conquista de vários recordes mundiais e medalhas olímpicas. Mas foi em 1984 que um atleta ainda desconhecido no cenário mundial se tornaria campeão olímpico dos 800 metros em Los Angeles, nos Estados Unidos. Era o brasileiro Joaquim Carvalho Cruz, atleta da CORPORE – Corredores Paulistas Reunidos, treinado por Luiz Alberto de Oliveira. Na ocasião, eles moravam em Oregon e treinavam na Universidade local (Bill Bawerman – fundador da Nike era o head-coach dos fundistas), e Bill Delinger era seu assistente, que treinava Alberto Salazar (cubano naturalizado americano), campeão das Maratonas de Boston e Nova York. Em 1981, Salazar chegou a estabelecer o melhor resultado na distância (2h08min13s). A revista Runner´s World deu tanto destaque pelo fato de um brasileiro ter ganho o ouro olímpico que os dois foram capa da revista (Luiz Alberto e o Joaquim). O próprio Alberto Salazar chegou a utilizar o CT desenvolvido pelo Luiz Alberto de Oliveira, específico para corredores de meio-fundo e fundo. Oliveira chegou a treinar a estrela americana Mary Decker, recordista mundial dos 1.500 aos 10.000 metros (foi ela que se envolveu no incidente com a sul-africana Zola Budd, que corria descalça, em Los Angeles). Mary Decker era a favorita à medalha de ouro, mas não ganhou nada. Zola Budd chegaria em sétimo nos 3.000 metros (esse era a prova feminina). Porém, no mesmo ano, aos 17 anos Budd, estabelecia 15min01 nos 5.000 metros, novo recorde mundial.

Para que serve?
O objetivo principal objetivo do CT é o fortalecimento geral do atleta. Por trabalhar todos os grupos musculares (conforme o CT estabelecido pelo técnico para cada modalidade do atletismo). Os velocistas, saltadores e arremessadores enfatizam mais força, potência, explosão. Já os fundistas, a capacidade cardiopulmonar e a resistência geral. Vai da criatividade e objetivos de cada técnico para determinados períodos. Como os atletas de alto nível preconizam dois picos no ano (primeiro semestre e segundo semestre), conforme as provas e campeonatos escolhidos, eles trabalham com o CT nessas duas fases de preparação básica.
Normalmente, o CT é realizado uma vez por semana, por ser um trabalho duro, que exige o máximo empenho de cada atleta. Mas nada impede a execução em mais um dia, desde que em menor intensidade e quantidade de estações. É sempre bom ressaltar que, em todas as ocasiões, no atletismo profissional de alto nível, o técnico acompanha o desempenho de cada atleta. Por ser um trabalho exaustivo, em muitas ocasiões o atleta quer se superar perante aos companheiros de treino, o que vale o cuidado de o técnico interromper o trabalho para o atleta não se lesionar, uma vez que o princípio do exercício é o fortalecimento orgânico geral e não se predispor a uma contusão que obrigaria perder a seqüência do trabalho.

6h27 da manhã. Nono dia de janeiro de 2008. Hoje o trabalho técnico foi realizado no Centro de Excelência BM&F de Atletismo. O volume foi baixo, mas a intensidade alta. Entre aquecimento, fracionado de 800 metros e desaquecimento, foram 5 quilômetros. Chegamos aos 100 quilômetros nos nove primeiros dias do ano. A média baixou para 11,1 quilômetros por dia.

Wanderlei de Oliveira

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Somos aquilo que fazemos...

Há poucos dias o corredor iniciante Leonardo Melo me perguntou há quanto tempo eu corro. Respondi: "Há 42 anos". Ele ficou impressionado. Iniciei minha carreira esportiva em 1966. Muitos que estão lendo este artigo nem estavam em projeto de produção essa época. Meu pai, Olavo de Oliveira, foi um grande esportista, jogador de futebol, corredor, técnico em mecânica e, nas horas vagas, sambista. Fundou em 1950 a Escola de Samba Almirante. Aos 2 anos, já desfilava na Escola de Samba.

Hoje o Marcelo Silva da CCEE, perguntou se sinto alguma dor. A minha resposta: "Sou treinador".

Quando traçamos objetivos, tudo fica mais fácil. Nada é motivo de desculpa, como a famosa preguiça de início de ano. Se você sabe aonde quer chegar, já percorreu metade do caminho, e uma das qualidades mais importante para o corredor é a disciplina e a persistência nos treinos de rodagem em ritmo bem lento.
O filósofo grego Aristóteles (384 a.C. - 323 a.C.) escreveu: "Tudo isso demanda perseverança. Paciência. Suor. Muito suor. A virtude é uma arte obtida com o treinamento e o hábito". "Nós somos aquilo que fazemos repetidas vezes. A virtude, então, não é um ato, mas um hábito. Treinar. Perseverar".

6h15 da manhã. Oitavo dia de janeiro de 2008. Eu, o senhor Oswaldo Silveira, o Nilton Maia, o Nilton Lima, o José Alves Malheiros e a única mulher do grupo, a Patrícia Vismara, treinamos no Parque do Ibirapuera em São Paulo. Uma rodagem descontraída, muita conversa.
Foram 15 quilômetros pelo gramado. Somados, já são 95 quilômetros nos oito primeiros dias do ano. A média subiu para 11,8 quilômetros por dia.

Wanderlei de Oliveira

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Brincar de correr

Quem não fica admirado em ver uma criança brincando, correndo, se divertindo? A natureza é generosa com as crianças, elas passam a impressão de que a corrida é uma brincadeira. Elas correm, leve e soltas. No início dos anos 30, o técnico sueco Gosse Holmer percebeu a necessidade de trabalhar em um único treino a velocidade, através de corridas rápidas de 50 a 100 metros, a resistência anaeróbia, com corridas contínuas com duração mais longa, e a resistência aeróbia, pela duração do esforço acima de 40 minutos até 1 hora e 20 minutos. Holmer criou o FARTLEK, palavra sueca que, traduzindo, para a língua portuguesa significa brincar de correr.

6h30 da manhã. Sétimo dia de janeiro de 2008. Saímos do Centro de Excelência BM&F de Atletismo em direção à Praça da Paz, no coração do Parque do Ibirapuera em São Paulo. Hoje o grupo era de mais de 70 pessoas. Alguns voltando de férias, em forma de “panetone”, bem recheado de frutas. Mas todos dispostos, entusiasmados para cumprirem a programação de 2008. Nada melhor do que uma ótima seqüência de alongamentos às 6 horas com a Mônica Peralta e o trabalho de biomecânica do movimento na Praça da Paz. Apesar da necessidade de atenção e cuidados com os exercícios, é motivo de muita risada e diversão com a descoordenação dos novatos. Como sempre, novatos são novatos.
Com 10 quilômetros do treino de hoje, já são 80 quilômetros nos sete primeiros dias do ano. Média de 11,4 quilômetros por dia.

Wanderlei de Oliveira

Nas Profundezas da Montanha


por Zuymyo Joshin Sensei

Às vezes erguemos a cabeça para a imensidão e beleza ao nosso redor, às vezes olhamos para baixo, para nossa infelicidade. Tudo bem, perfeito, não precisamos olhar apenas por um dos lados, o do seshim simplesmente maravilhoso, pois o seshim é tudo que surge, bons e maus momentos, realidade, ilusões. É Buenos Aires, 9 de março, 1996, terceiro dia de um seshim, período intensivo de meditação.

Antes de ser monja eu gostava muito de escalar montanhas, e quando comecei a fazer seshins pensei que as duas atividades eram semelhantes. Quando vamos escalar uma montanha levantamos cedo, enchemos a mochila e começamos a caminhar com os amigos. No caminho a mochila vai ficando mais pesada, o trajeto mais difícil, e nos perguntamos se chegaremos ao fim. Por que decidimos colocar tanta coisa na mochila e fazer esse tipo de passeio? Devo estar louca! Mas não temos mais opção, no alto da montanha a única opção é continuar. Chegamos a um pequeno refúgio, deitamos as mochilas no chão e bebemos água fresca de um riacho. Que vida maravilhosa!

Quando comecei a fazer seshim pareceu escalada de montanha, mas dez vezes mais duro. De manhã levantamos felizes e quando sentamos o zazen é maravilhoso, mas continua e continua o dia, o tempo passa, começamos a nos aborrecer com as horas intermináveis, até perguntar, "Por que estou aqui?" Zazen é mais penoso do que escalar montanhas. às vezes achamos que não vamos poder continuar. Mas precisamos continuar. à noite pensamos, "Este é o melhor momento da minha vida". Isto é seshim. No seu transcorrer, vamos percebendo mais pontos em comum com escalar montanhas. Ao escalar usamos uma corda para atingir a próxima meta, e como estamos com uma pessoa experimentada a nos guiar, confiamos nela, sabendo que outras pessoas já passaram por isso e nós também vamos conseguir. No seshim é a mesma coisa, temos de confiar nas pessoas responsáveis pela organização. É a mesma coisa porque precisamos de nos ajudar mutuamente. Se estamos num momento difícil, quem já passou por isso pode nos ajudar.
Da próxima vez, nós ajudaremos outras pessoas.

Num seshim, todos os que compõem a sanga tornam-se um só corpo. Aquilo que nos afeta, afeta a toda a sanga. O que temos na mente, o que fazemos, nossos movimentos, nossa maneira de agir, afetam toda a sanga. Mas não precisamos fazer desta constatação uma sobrecarga, temos apenas de nos sentir responsáveis para com os outros. Podemos pensar que estamos juntos como os dedos de uma mão, bela e agradavelmente. Devemos pensar que nossas ações vão ajudar a todos, não somente no seshim, mas também na vida cotidiana. Mas no seshim podemos compreender isso mais facilmente porque somos um grupo pequeno e com laços muito fortes. Quando uma pessoa se empenha no seshim, todos são auxiliados por seu esforço. Este é o espírito bonito e importante do seshim, uma montanha que estamos escalando, temos de continuar subindo pois é uma questão de vida ou morte, não apenas de vir, tranqüilizar a mente, relaxar, praticar zazen. Precisamos entender o grande mistério da vida e da morte, e no seshim entramos em nós mesmos e neste problema.

Esta não é uma questão só minha, mas de cada um de nós. Além das aparências e das ilusões, precisamos compreender o que é a vida e a morte, e para isso precisamos estar juntos, pois não se trata de uma questão que alguém possa responder sozinho. No budismo isso leva o nome de interação, e significa que o que eu fizer terá conseqüências sobre todo o mundo. Sou responsável por minha vida, mas também pelos outros, não por sentimento de culpa, mas de responsabilidade. O pequeno grupo da sanga é como um grupo experimental, onde tal prática fica mais fácil. Mas é claro que devemos levar o ensinamento para a vida cotidiana.

Sabemos, por experiência própria, que o nosso estado mental influencia todo o ambiente. Se vocês moram com a família, com outras pessoas, sabem que se acordarem um dia de mau humor isso se espalhará por todos ao seu redor. Não somos apenas uma pessoa, mas um pequeno reflexo de cada um. Estamos ligados pela mesma corda, como se escalássemos uma montanha. Essa é a experiência mais forte do seshim, o mais duro caminho, de onde nascerá o sentimento de compaixão. Se consigo entender que cada pessoa está ligada a mim através dessa corda, numa situação de vida e morte, entendo como somos a mesma pessoa. O ponto de partida para a compaixão é poder reconhecer o sofrimento do outro em mim, e o meu sofrimento no outro. Sem isso não existe compaixão, pois compaixão é tornar-se um com a outra pessoa. Esse é o ensinamento de Buda.

Quando observamos outra pessoa, quando sentimos o sofrimento dela no zendo, quando vemos sua alegria, quando percebemos que até certo ponto temos as mesmas atitudes, emoções, dificuldades, alegrias e facilidades, então podemos partilhar a compaixão. Não existe alguém dando compaixão a outro, o que existe é compaixão fluindo. Por isso introduzimos hoje a recitação do Sutra de Kanzeon no início e no fim do samu (período de trabalho coletivo). Kanzeon é o nome japonês de Avalokitesvara, o bodisatva que representa a compaixão, cujo nome significa Aquele que ouve os lamentos do mundo.

É difícil ouvir os lamentos alheios, porque estamos sempre gritando mais alto e só conseguimos ouvir os nossos próprios lamentos. Por isso nos voltamos para Kanzeon, o que significa que tentamos abrir nosso coração para a compaixão. A representação de Kanzeon ajuda-nos a compreender a compaixão, que não está longe de nós mas aqui mesmo, ao nosso alcance. Quando recitamos que da manhã à noite somos um com Kanzeon, estamos dizendo que tentamos abrir o coração o dia inteiro: da manhã à noite tentaremos abrir o coração para outras pessoas. Quando dizemos, "eu me sinto um com Kanzeon", estamos dizendo "eu me sinto um com cada pessoa". Se não for pela compaixão, não vale a pena ficar sentado no zafu.

Talvez tenha sido com essa intuição que deixei de escalar montanhas para me tornar monja, porque senti que a compaixão é ampla, muito mais ampla do que o Himalaia. Mas também sua prática é mais difícil. Precisamos entender que temos de nos esforçar. Os seres humanos nunca conseguem nada facilmente, não sei por que é assim, é um mecanismo do mundo. Se olharmos para nossa vida, perceberemos que tudo nos chega em meio a dificuldades, e que, freqüentemente, em meio ao sofrimento, uma coisa maior nos chega.Quanto mais você se dá no seshim, mais recebe. Mas é difícil ir além de um certo ponto. Um texto chinês antigo fala disso. O Tratado do Tesouro Precioso, nome da história escrita há uns doze séculos, diz que "existem dez mil caminhos que conduzem à iluminação, e cada um deles é apenas um pequeno instante. Um pássaro paira no céu entre duas nuvens. Um peixe descansa nas águas do mar. O primeiro nunca conhecerá a imensidão do oceano. O segundo jamais verá a vastidão do céu. Os praticantes se afastam do grande caminho e entram em veredas insignificantes. Obtida certa quantidade de mérito com algum esforço, desistem antes de chegar ao destino, sem jamais alcançar a dádiva da felicidade essencial".

E este é o problema desses doze séculos, como persistir em nossos esforços e conhecer a imensidão do céu e a vastidão do mar. O texto diz que quando obtemos uma certa quantidade de méritos, paramos e entramos em veredas pequenas, insignificantes, ou seja, perseguindo ilusões. Começamos a dizer, Eu sei. Aprendemos algo e, sem parâmetro de comparação, cremos descobrir grande coisa. Para nós é como a descoberta de um tesouro, interrompemos a busca pensando no que obtivemos, desconhecendo a insignificância desse tesouro comparado à vastidão do céu onde podemos voar.

Este é o significado do seshim, não pare, não pare quando alcançar alguma coisa, lembre-se que está no meio da vida e da morte, escalando, nalgum lugar, uma vasta montanha. Não é porque encontrou um lugar estável que pode parar. Precisamos continuar escalando. O grande problema é pensar que esta pequena descoberta é "minha", isto é "meu". Esse pensamento nos separa dos outros. Seja o que for que pensemos ter conseguido num seshim, quando pensamos no que é "meu" não conseguimos nada. Não há imensidão, vastidão, nem sequer compaixão nesse pensamento.

Passamos a vida toda procurando coisinhas para dizer "isto é meu". Mas o objetivo do seshim não é esse, no seshin precisamos ir mais profundamente e compreender toda a conexão que temos uns com os outros. Essa é uma das razões de cantarmos pela manhã a nossa linhagem, numa importante recitação com a qual vamos além dos laços entre nós, sanga, neste momento, até o passado, receber os ensinamentos transmitidos de mestre a mestre. Cada um deles deu a vida para preservar e transmitir os mesmos ensinamentos, eis o laço que temos com eles, nossa vida não é somente agora, está conectada com todo o passado e todo o futuro, por isso recitamos os budas todos, do passado e do futuro. Isso é tornar-se um, uma imensidão, também, e representa pequenas quebras nos estreitos limites da nossa vida.

Somos, igualmente, um só corpo com a sanga. Recitar a linhagem sem nos determos significa que não há uma pessoa depois da outra, que somos todos um. A recitação segue como um rio e a ligação entre os mestres é ininterrupta. Esse ensinamento é grande, é uma imensidão, é o nome de todos os mestres e todos os budas.

Quando nos voltamos para Kanzeon estamos novamente nos tornando um. Na China, sua representação de bodisatva é feminina. Mas, no Japão, Kanzeon não é homem nem mulher. Está além das diferenças. Mas, no meio da escalada, ainda temos uma parte da montanha para subir. Como unir esforços para continuar a jornada? Como retornar à alegria, na aventura de estarmos juntos? Seshim é uma aventura. Embora nele surjam situações que parecem contraditórias é alegria, dificuldade, disciplina, liberdade é, todas as supostas oposições devem ser reunidas.
às vezes erguemos a cabeça para a imensidão e beleza ao nosso redor, às vezes olhamos para baixo, para nossa infelicidade. Tudo bem, perfeito, não precisamos olhar apenas por um dos lados, o do seshim simplesmente maravilhoso, pois o seshim é tudo que surge, bons e maus momentos, realidade, ilusões.

Temos de compartilhar isso com todos.

* Zuymyo Joshin Sensei é mestra zen da linhagem Soto, superiora do templo "La Demeure Sans Limites" Riou la Selle, St.Agrève, França. Desenvolve atividades regulares junto às sangas de Montevidéu, Buenos Aires e ao Sangen Dojo de Porto Alegre.

domingo, 6 de janeiro de 2008

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Há dez anos, quando a educadora Mônica Peralta iniciou sua preparação para a Maratona de Nova York, realizou vários treinos no Horto Florestal, em São Paulo. À medida que as distâncias dos treinos foram aumentando, ela passou a descobrir novos caminhos. E um deles ela vem compartilhando com seus amigos, alunos e monges. É o Parque Estadual da Cantareira, no núcleo Pedra Grande. Um patrimônio mundial de preservação desde 1994, por determinação da UNESCO – Organização das Nações Unidas, que é uma das maiores áreas de mata tropical nativa do mundo situadas dentro da região metropolitana.

7h30 da manhã. Sexto dia de janeiro de 2008. Enquanto aguardávamos a abertura do parque, às 8 horas, fomos recepcionados por um tucano solitário que cantava no topo de uma árvore e um esquilo, que despertou a curiosidade dos filhos do Beto, que saíram correndo para observá-lo. Assim que a Mônica chegou, saldou a aniversariante do dia, a professora-doutora Elbia Silva Melo, da CCEE, que resolveu festejar esse dia de um modo especial. Acompanhada de seu marido e corredor, Leonardo Melo, integrou-se ao grupo de quinze pessoas que iniciaram a caminhada de 12 quilômetros no Parque Estadual da Cantareira. Duas dessas pessoas deram um show de vitalidade, sempre à frente do grupo. A Darci dos Santos e o Antonio, pai da Estela Silva, jornalista e autora do texto sobre a São Silvestre que se encontra no site. O nosso guia pelo segundo ano consecutivo era o Egídio Gonçalves, profundo conhecedor da reserva. Sempre prestativo e atencioso, observava cada um dos caminhantes. A cada novidade do caminho parava para contemplar a vegetação típica de floresta tropical, contemplar os bugios se divertindo, pulando de galho em galho. Depois de duas horas por trilhas de mata cerrada, subida, descida e tombos, chegamos ao lago das carpas. A Patrícia Vismara e as crianças foram os que mais se divertiram, jogando pão para os peixes. Já os adultos, mortos de fome, devoraram a farta cesta de piquenique que o Beto carregou por todo caminho. O que para ele foi um alívio. Bem alimentados, estávamos prontos para a última e mais dura etapa do caminho: chegar ao topo da montanha. A 1.010 metros de altitude em relação ao nível do mar, chegamos à Pedra Grande. Pausa para contemplarmos a belíssima visão panorâmica da Grande São Paulo.
Em determinado trecho da caminhada, pedimos licença à Mônica para deixar o grupo para uma corridinha na trilha das águas claras. O Nilton Maia e eu percorremos a trilha até chegarmos a uma queda dágua. Tudo isso para que pudesse fechar a semana com 70 quilômetros nos seis primeiros dias do ano. Foram mais de quatro horas de caminhada, onde pudemos compartilhar emoções, alegrias, esforço, conhecimento, sabedoria, amizade, energia e o principal: a natureza.

Wanderlei de Oliveira

Perdi o medo da Brigadeiro

por Estela Silva*

Sempre tive uma boa relação com a Brigadeiro. Tanto que moro a duas quadras dela, passo por ela diariamente, a pé ou de carro. Mas nunca pensei em subi-la correndo, inteirinha, sem parar, como fazem os atletas que participam da São Silvestre. Nem pensar.

Acompanho a São Silvestre desde criança. Um charme essa competição que atrai gente do mundo inteiro para fechar o ano em grande estilo. Um dia vou participar, mas preciso treinar antes. Perdi a inscrição de 2006. Que raiva! Ano que vem não escapa. Fiquei atenta e fui uma das primeiras a garantir um lugar na prova de 2007.

A cidade toda estava ali, na Paulista, para correr ou para assistir à São Silvestre. Parecia uma festa: pessoas conversando, bebendo, rindo, encontrando amigos, fantasiadas para se diferenciar. Entrei no clima e corri com a Midori, para continuar tendo companhia na festa.

Na largada, deu tempo de conter o nervosismo, já que nem dava para correr. Foi meu aquecimento, e no caminho os vestígios de que ali realmente tinha acontecido uma festa: copos, garrafas, pedaços de roupas, restos de comida, um pé de chinelo e muito lixo. Tudo bem, no dia seguinte o pessoal da limpeza urbana dá um jeito.

Fui marcando o tempo, o primeiro quilômetro não vinha, nem o segundo, nem o terceiro.... só no sexto vi a marcação. Já fiquei perdida no meu ritmo. Segundo problema: sede. Naquele calor senegalês, a água só foi oferecida no quarto quilômetro. E quente! Fazer o quê, melhor que desmaiar. Quem está na corrida é para correr e não para passar mal.

Na metade do percurso, lá na avenida Pacaembu, me deu um certo cansaço. Pensei em desistir, o calor e toda aquela gente amontoada correndo estava me fazendo mal. Sorte que logo veio um posto de hidratação e entrei em cena com o meu power gel. Deu uma animada, a Midori não deu sinais de cansaço e me reanimei.

Antes mesmo de chegar à famigerada Brigadeiro, no Largo São Francisco, os corredores começaram a gritar. Brigadeiro!!! Brigadeiro!!!! Acho que eles estavam chamando por ela ou queriam comer brigadeiro para agüentar a subida de 2 quilômetros. Me enchi de coragem, engatei a segunda e fui sem pensar. No mesmo ritmo. Quando eu percebi, já estava a duas quadras da Paulista. Consegui um pequeno sprint para alcançar a chegada com a marca de 1hora e 27 minutos. A festa não tinha acabado, mas a Brigadeiro sim. Perdi o medo dela.

* Estela Silva é jornalista e correu pela primeira vez a São Silvestre

Foto: Estela e Midori ao final da prova

sábado, 5 de janeiro de 2008

Dor de treino se cura com treino

Essa é uma das máximas do professor Valdir José Barbanti. Natural de Itapira, interior de São Paulo, ele foi um dos grandes atletas nos anos 70 no decatlo, prova exclusiva para homens. No primeiro dia eles competem nos 100 metros rasos, salto em distância, lançamento de peso, salto em altura e 400 metros rasos. No segundo dia, os 110 metros com barreiras, lançamento de disco, salto com vara, lançamento de dardo e para terminar os 1.500 metros rasos. O atleta vencedor é o que soma o maior número de pontos ao final da competição. Como bom educador e atleta, é possível encontrá-lo treinando diariamente no Esporte Clube Pinheiros ou no Campus da USP, onde é Professor Titular da Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo. Valdir Barbanti é o primeiro PhD em Educação Física pela University of Iowa, nos Estados Unidos ,e preparador físico da seleção brasileira masculina de basquete.

6h18 da manhã. Quinto dia de janeiro de 2008. Chovendo. Como não sou hidrossolúvel, inicio o treino bem devagar, como sempre. Às 7 horas da manhã entro na reserva florestal do Parque do Estado, em São Paulo. Vejo um sabiá brincando em uma poça d´água o que me faz lembrar de um trecho da “Canção do Exílio” de Gonçalves Dias (1823-1864), poeta maranhense, jornalista, defensor da ecologia, que dizia “Minha terra tem Palmeiras, onde canta o Sabiá”. Logo adiante, na escura mata, devido à chuva, encontro um jacu, pássaro em extinção. Jacu também é um termo usado pelo caipira quando se refere a um sujeito envergonhado. Minutos depois, ainda na mata, vejo o Dodô. Aproveitamos o silêncio da floresta, para filosofar e traçar os objetivos para 2008.
Esquecemos o tempo e corremos 18 quilômetros. Já são 68 quilômetros nos cinco primeiros dias do ano.
A recompensa. Um belo copo de chá de abacaxi preparado pela Patrícia Vismara, receita da Mariana Carraro, quando o jornalista e corredor Vicent Sobrinho nos convidou para um rico jantar em seu apartamento para degustar um saboroso salmão grelhado, acompanhado de um delicioso vinho francês.

Wanderlei de Oliveira