Essa é a melhor época para usar o circuit-training, um método de treinamento que vai ajudá-lo a enfrentar o início de preparação para ganhar mais força e resistência.
Como surgiu? Na Europa nos anos 50, os fisiologistas e técnicos perceberam que seus atletas levavam desvantagens nos Jogos Olímpicos em relação aos países com climas mais amenos, que conseguiam treinar ao longo do ano. Para suprir essa deficiência, em 1953, na Universidade de Leeds, na Inglaterra, Adamson e Morgan desenvolveram a primeira estrutura do “treinamento em circuito”. A princípio, o objetivo era treinar em ambiente fechado, onde foram dispostas várias estações nas quais eram realizados exercícios com números e tempos predeterminados. Esse novo método de treinamento fez muito sucesso. Os técnicos alemães nos anos 70/80 aprimoraram esse método e empregaram no atletismo, que auxiliou na conquista de vários recordes mundiais e medalhas olímpicas. Mas foi em 1984 que um atleta ainda desconhecido no cenário mundial se tornaria campeão olímpico dos 800 metros em Los Angeles, nos Estados Unidos. Era o brasileiro Joaquim Carvalho Cruz, atleta da CORPORE – Corredores Paulistas Reunidos, treinado por Luiz Alberto de Oliveira. Na ocasião, eles moravam em Oregon e treinavam na Universidade local (Bill Bawerman – fundador da Nike era o head-coach dos fundistas), e Bill Delinger era seu assistente, que treinava Alberto Salazar (cubano naturalizado americano), campeão das Maratonas de Boston e Nova York. Em 1981, Salazar chegou a estabelecer o melhor resultado na distância (2h08min13s). A revista Runner´s World deu tanto destaque pelo fato de um brasileiro ter ganho o ouro olímpico que os dois foram capa da revista (Luiz Alberto e o Joaquim). O próprio Alberto Salazar chegou a utilizar o CT desenvolvido pelo Luiz Alberto de Oliveira, específico para corredores de meio-fundo e fundo. Oliveira chegou a treinar a estrela americana Mary Decker, recordista mundial dos 1.500 aos 10.000 metros (foi ela que se envolveu no incidente com a sul-africana Zola Budd, que corria descalça, em Los Angeles). Mary Decker era a favorita à medalha de ouro, mas não ganhou nada. Zola Budd chegaria em sétimo nos 3.000 metros (esse era a prova feminina). Porém, no mesmo ano, aos 17 anos Budd, estabelecia 15min01 nos 5.000 metros, novo recorde mundial.
Para que serve? O objetivo principal objetivo do CT é o fortalecimento geral do atleta. Por trabalhar todos os grupos musculares (conforme o CT estabelecido pelo técnico para cada modalidade do atletismo). Os velocistas, saltadores e arremessadores enfatizam mais força, potência, explosão. Já os fundistas, a capacidade cardiopulmonar e a resistência geral. Vai da criatividade e objetivos de cada técnico para determinados períodos. Como os atletas de alto nível preconizam dois picos no ano (primeiro semestre e segundo semestre), conforme as provas e campeonatos escolhidos, eles trabalham com o CT nessas duas fases de preparação básica.
Normalmente, o CT é realizado uma vez por semana, por ser um trabalho duro, que exige o máximo empenho de cada atleta. Mas nada impede a execução em mais um dia, desde que em menor intensidade e quantidade de estações. É sempre bom ressaltar que, em todas as ocasiões, no atletismo profissional de alto nível, o técnico acompanha o desempenho de cada atleta. Por ser um trabalho exaustivo, em muitas ocasiões o atleta quer se superar perante aos companheiros de treino, o que vale o cuidado de o técnico interromper o trabalho para o atleta não se lesionar, uma vez que o princípio do exercício é o fortalecimento orgânico geral e não se predispor a uma contusão que obrigaria perder a seqüência do trabalho.
6h27 da manhã. Nono dia de janeiro de 2008. Hoje o trabalho técnico foi realizado no Centro de Excelência BM&F de Atletismo. O volume foi baixo, mas a intensidade alta. Entre aquecimento, fracionado de 800 metros e desaquecimento, foram 5 quilômetros. Chegamos aos 100 quilômetros nos nove primeiros dias do ano. A média baixou para 11,1 quilômetros por dia.
Wanderlei de Oliveira
quarta-feira, 9 de janeiro de 2008
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