4 horas de manhã. Ouço o barulho da chuva batendo na janela do quarto. Antes de o galo cantar pela segunda vez, levanto. Faço a seqüência do “Súrya Namaskára”, saudação ao Sol e o Zazen (meditação). Às 5 horas tomo o suco antioxidante que eu mesmo preparo na hora e a vitamina energética. Um breve descanso após o desjejum em que aproveito para ler algumas páginas de um livro, antes de iniciar os alongamentos. Pronto. Saio para correr.
Em 1966 iniciei na pratica do atletismo por incentivo de meu pai. Mas foi somente em 1980 que comecei com essa rotina diária que dura até hoje. Nessa época trabalhava na Federação Paulista de Atletismo onde tive vários mestres, o comendador Evald Gomes da Silva, presidente da Federação, sabia tudo e mais um pouco desse esporte maravilhoso que é o atletismo. O Deodato Menici, um senhor bravo, exigente, de poucas palavras, um sábio. O professor Oswaldo Valdemir Pizani, habilidoso em lidar com o ser humano, profundo conhecedor das regras do atletismo. O português José Clemente Gonçalves, que editou o anuário de atletismo, um árduo trabalho de pesquisa. Com ele aprendi a ser estatístico. O senhor Paulo Ishigami, com paciência oriental era capaz de organizar um grande evento com excelente qualidade técnica. O coronel do exército Quirino Carneiro Rennó, rigoroso com a disciplina de seus alunos e atletas, para ele “hora é hora, nunca antes nem depois”. Mas com quem eu passava mais tempo era com o Ivo de Pádua Sallowicz, atleta que em 1933 igualou o recorde mundial de 100 metros em pista de carvão (10.3 segundos). Juiz de partida em todas as provas conhecia a malandragem de todos os atletas. Polêmico, engraçado e maloqueiro. Não estava nem aí para o que os outros pensavam, o que importava para ele era se divertir – ser feliz.
O que isso me trouxe: conhecimento, inspiração, energia, vitalidade, amigos, viagens. Trabalhei em Portugal. Corri as Maratonas de Nova York, Paris, Roterdã, Chicago. Conheci a Rússia, Japão, África. Conheci minha esposa na pista de atletismo.
Até onde quero chegar. Não sei! O que sei é que um dos meus sonhos é ver todo mundo bem, saudável – correndo.
6h30 da manhã. Vigésimo dia de janeiro de 2008. Parque do Estado de São Paulo. Uma corrida zen entre as palmeiras reais, pau-brasil, palmitos nativos, jacus, marrecos e vários pássaros que habitam o Jardim Botânico. Em um domingo chuvoso, pensei que seria o único, até encontrar o Dodô, que completou 67 anos e o casal Cida e Jean.
Hoje corri 12 quilômetros.
Agora são 222 quilômetros nos vinte primeiros dias do ano. A média esta em 11,1 quilômetros por dia.
Wanderlei de Oliveira
domingo, 20 de janeiro de 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
3 comentários:
Wanderlei,
Corre no Espirito e na levaza de uma criança.
Sucesso...
Profª Mônica Peralta
"Onde vai chegar,
só o tempo vai responder,
mas o caminho á percorrer,
só você poderá trilhar..."
Olá, gostaria de saber sua ligação com o Sr. Quirino Carneiro Rennó. Fui aluna dele e a muito tenho tentado contato sem sucesso. Tem notícias dele? Obrigada.
Postar um comentário