quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Correndo em grupo

As assessorias esportivas são responsáveis pelo “boom” das corridas no Brasil. Só em São Paulo, são mais de 100, reunindo cerca de 4 mil corredores. Corrida combina com relacionamento. Sozinho é mais difícil, todo mundo precisa de uma mãozinha amiga para impulsionar seus sonhos.

Na corrida não é diferente, e quem impulsiona milhares de corredores são as assessorias esportivas. A rotina desses anjos dos atletas anônimos é dura: acordam cedo, montam centenas de treinos e acompanham como verdadeiros pais o dia-a-dia de seus atletas nos mais diferentes pontos da cidade. Além do treinamento, funcionam como psicólogos e dão até conselhos matrimoniais.

Eles podem ser vistos em diferentes pontos da cidade de São Paulo. Geralmente, começam cedo, antes das 6 horas da manhã, e vão até a noite. Estão espalhados pelos parques do Ibirapuera, Villa Lobos, Água Branca, Morumbi e na USP, onde aos sábados todos se encontram e os corredores, vestindo orgulhosos as camisas de suas assessorias, desfilam pelos quilômetros em busca de qualidade de vida.

Pioneiro
Conhecido como o guru das pistas, o técnico Wanderlei de Oliveira foi o pioneiro das assessorias esportivas quando resolveu montar a Run For Life, há 29 anos. “Era diretor da Federação Paulista de Atletismo e percebi que muita gente queria saber mais sobre o atletismo, por isso a idéia de criar a empresa, que recebeu esse nome por causa de uma aluna que era professora de inglês e fez essa sugestão. Antes o nome seria Run for Your Life”, diz o treinador, que lançou sua empresa antes mesmo de existir a Corpore.

Hoje, Wanderlei de Oliveira é coordenador e atleta master do Clube de Corredores de Rua BM&F, principal clube de atletismo do Brasil e Mônica Peralta tocam a assessoria sob a supervisão do mestre.

“Meu trabalho sempre foi algo mais individualizado e não massificado. Priorizamos a busca da performance de cada pessoa”, lembra Wanderlei, que conta com 160 alunos, em sua grande maioria executivos.

O treinador foi um dos pioneiros a elaborar planilhas para seus alunos, mas fazia questão de treinar junto com eles (o que faz até hoje) na pista do Conjunto Esportivo Constâncio Vaz Guimarães, no Parque do Ibirapuera e na USP.

Também gostava de levar sua turma para correr em reservas naturais e Campos do Jordão, aproximando-os da natureza. De acordo com o treinador, a relação com o aluno é tudo nesse negócio.

“Acabamos fazendo parte da vida da pessoa. Muitos estão habituados a treinar bem cedo e o primeiro contato com o mundo exterior é conosco, os treinadores. Passamos a ser um veículo de amizade e eles se abrem. Temos uma influência direta”, diz Oliveira.
Entre as histórias de vida nesses anos de assessoria esportiva, Wanderlei lembra de corredores ilustres que passaram por suas mão, como a Ana Luiza “Animal”, que após viver nas ruas e na marginalidade se tornou uma pessoa produtiva e hoje corre com um grupo de crianças carentes.

“Vale lembrar também dos veteranos Mitiko Nakatani, de 78 anos, campeã mundial master de maratona, e de Oswaldo Silveira, de 78 anos, que mesmo sendo maître em um hotel de luxo em Campos do Jordão tem grande performance nas corridas”, explica Wanderlei, que de 92 a 2002 trabalhou como técnico do Grupo Pão de Açúcar.

Reportagem publicada na revista Running Brasil em 2007
Alguns dados foram atualizados.
Autor do texto: Aguinaldo Pettinati
Foto: Fábio Andrade
Edição: Arnaldo de Sousa, jornalista e corredor

Um comentário:

Anônimo disse...

Nunca é bom estar sozinho. Fazer "longão" e trabalho de força na madrugada sozinho é muito ruim.
No primeiro semestre ganhei um presentão, minha filha Sophia. Trabalhava e estudava, o único horário para treinar era 04:30 da manhã, sozinho.
No segundo semestre quase entrei em colapso nervoso devido ao excesso de atividades.
Nos finais de semana treino no Jardim Botânico (adoro esses dias) com uma galera maravilhosa.