segunda-feira, 31 de março de 2008

Etiópia, tradição de grandes corredores


Em 1960, despontava para o mundo o etíope Abebe Bikila, um negro magro, que corria descalço e surpreendeu o mundo quando venceu a Maratona dos Jogos Olímpicos de Roma, com 2h16min02s, recorde mundial na época.

Atualmente, o maior destaque desse país no atletismo internacional é o bicampeão olímpico dos 10.000 metros (Atlanta 96 e Sydney 2000), Haile Gebrselassie, 35, ex-recordista mundial de pista para os 10.000 metros 26min22s75, média de 2min38s por quilômetro, estabelecido em Hengelo, Holanda, no dia 1º de junho de 1998, e para os 5.000 metros, 12min39s36, média de 2min32s por quilômetro, em Helsinque, Finlândia, doze dias depois.

Em 2002, em Doha, no Catar, registrou o recorde mundial dos 10 km em rua, com 27min02s, recebendo um prêmio de 1 milhão de dólares pela conquista. Esta é uma prova especial para poucos convidados que vão de jatinho particular e ficam hospedados no castelo do xeique. Hoje Gebrselassie é o recordista mundial dos 21 K (58min55) estabelecido em Phoenix nos Estados Unidos em janeiro de 2006 e dos 42.195 metros com 2h04min26seg, conquistados em Berlim, no mês de setembro do ano passado.

O título de rei do cross-country pertencia ao queniano Paul Tegat, 38 que foi pentacampeão. O novo rei é Kenenisa Bekele de 25 anos, 1m74 e 66 quilos, que desde 2001 quando ainda era junior, venceu todas as edições do Campeonato Mundial de Cross-Country (6 vezes na categoria adulto). O atleta foi descoberto por Gebreselassie. Bekele foi medalha de ouro nos 10.000 metros (27min05) nos Jogos Olímpicos de Atenas em 2004 e medalha de prata nos 5.000 metros (13min14).Na edição de número 36, realizada ontem em Edimburgo na Escócia, Bekele venceu os 12 quilômetros em grama com 34min38. O melhor brasileiro foi Marilson dos Santos com 37min17, na 54a. colocação. A Etiópia foi campeã por equipes.

6h31 da manhã. Trigésimo primeiro dia de março de 2008. Conjunto Desportivo Constâncio Vaz Guimarães, pista de atletismo, Ibirapuera, São Paulo. Entramos no “polimento”, fase final da preparação, com o interval-tempo-treino. A intensidade é maior e a recuperação menor. Só é possível chegar nesse estágio quem realizou todas as etapas da preparação (básica e específica). Completamos 993 quilômetros nos noventa e um dias do ano. A média esta em 10,9 quilômetros por dia. O acumulado total em 73.058 quilômetros.
Wanderlei de Oliveira

sexta-feira, 28 de março de 2008

Gabrielle Andersen - Los Angeles 84


Sem dúvida um dos melhores Jogos Olímpicos de todos os tempos.

Vários fatos se tornaram memoráveis na maratona.

O português Carlos Lopes poucos dias antes de embarcar para Los Angeles nos Estados Unidos, foi atropelado próximo ao Estádio José Alvalade. Ela saiu da pista de atletismo do estádio em direção a uma quinta (bosque) que ficava à cerca de 2 quilômetros. Ao cruzar a rua antes de entrar no bosque foi atropelado por um carro. Como bom português, brigou com o sujeito que pediu mil desculpas quando viu quem era. Lopes é um ídolo em Portugal. Também não é para menos, foi tri-campeão mundial de cross-coutry (76, 84,85) corta-mato para os portugueses. Recordista Mundial da Maratona em Roterdã com 2h07min12. Bi-campeão da São Silvestre (82, 84), ainda é dele o recorde da maratona olímpica com 2h09min em Los Angeles 84. A temperatura nesse dia era de mais de 28 graus. Lopes correu até o quilometro 37 no segundo pelotão, somente assumiu a liderança nos últimos 5 K, para vencer com um tempo abaixo dos 15 minutos. Ele estava com 37 anos.

A primeira maratona olímpica feminina foi realizada em 1984, em Los Angeles, e a vencedora foi à norte-americana, Joan Benoit Samuelson. com 2h24min52. No dia 16 de maio ela irá completar 51 anos e continua correndo. Dezessete dias antes da maratona olímpica, Benoit fez uma cirurgia no joelho e se recuperou fazendo o deep-running (corrida na piscina com flutuador sem impacto).
Mais o fato que mais chamou atenção do mundo foi à chegada da suíça Gabrielle Andersen-Scheiss, na época com 37 anos. Devido ao forte calor, ela se desidratou, porém por ser uma atleta experiente, os médicos a acompanharam até cruzar a linha de chegada na 37a. colocação com 2h48min42. Muitos acham que ela foi a última, mais não. Logo depois veio a Eleonora Mendonça única representando do Brasil. Aí sim, vieram várias outras mulheres com tempos acima das 3 horas. Gabrielle completou recentemente no dia 20 de março 63 anos, continua correndo nos Estados Unidos onde mora. Até os Jogos Olímpicos era instrutora de esqui na Suíça, após seu sucesso na maratona foi convidada para trabalhar em Idaho nos EUA.


6h29 da manhã. Vigésimo oitavo dia de março de 2008. Conjunto Desportivo Constâncio Vaz Guimarães, pista de atletismo, Ibirapuera, São Paulo. Treino fracionado de 1.000 metros para ritmo pré-estabelecido e controle nas parciais a cada 500 metros. Chegamos a marca dos 953 quilômetros nos oitenta e oito dias do ano. A média esta em 10,8 quilômetros por dia. O acumulado total em 73.018 quilômetros.
Wanderlei de Oliveira

quarta-feira, 26 de março de 2008

Linha de chegada

A média dos treinos diários é que determina o resultado de uma maratona.

No Congresso Internacional de Técnicos de corrida de longa distância realizado no Algarve, Portugal, em 1987, do qual tive a oportunidade de participar a convite do português Mário Moniz Pereira, técnico do recordista mundial dos 10 mil metros Fernando Mamede (27min13) e do recordista mundial da maratona Carlos Lopes (2h07min12 em Roterdã 1985), que ainda possui o recorde da maratona olímpica, de 2h09min (Los Angeles 84).

Moniz Pereira dizia o seguinte: se a sua média diária nas rodagens for de 10 quilômetros, seu ponto de quebra de ritmo será na altura dos 30 quilômetros. Ou seja, se você quer correr bem uma maratona, terá que correr nos últimos três meses de preparação um volume semanal na casa dos 100 quilômetros para terminar bem e, "se quebrar", isso irá ocorrer quando cruzar a linha de chegada.

Existem outros parâmetros que são primordiais para ajudar nessa avaliação. Vamos comparar a evolução do consumo máximo de oxigênio (VO2 máximo), que é a quantidade de oxigênio que seu organismo consegue retirar (absorver) da atmosfera, transportar até a musculatura e utilizar na produção de energia durante a realização de um exercício físico que gradualmente atinge a exaustão. O Paulo de Moraes Barros, que no último 10 K da Track&Field Run Series estabeleceu seu recorde pessoal em 40min30s, pode comprovar isso com um volume semanal superior aos 90 quilômetros. Seu VO2 máximo em teste realizado em 26 de janeiro de 2005, era de 45 ml/kg/min, com velocidade do limiar aeróbio de 12 km/h. No dia 13 de março, chegou a 54,8 ml/kg/min, com velocidade do limiar atingindo 14 km/h. Todos esses exames, desde o seu início, foram realizados no IAFE – Instituto de Avaliação Física do Esporte, acompanhado pelo pioneiro e um dos maiores fisiologistas do Brasil, o médico Renato Lotufo. Para se ter uma idéia, é muito difícil melhorar apenas 1 ponto ml/kg/min do seu VO2 máximo, por ser de ordem genética. Isso comprova a eficiência do método de treino.
Qualidade de Vida é Saúde. Saúde é movimento!

6h31 da manhã. Vigésimo sexto dia de março de 2008. Conjunto Desportivo Constâncio Vaz Guimarães, pista de atletismo, Ibirapuera, São Paulo. Dia de teste dos 3.000 metros. Dia de vários recordes pessoais. Dia de muitas comemorações. A superação pessoal motiva, dá mais alegria em viver. De seguir em frente em busca de novos desafios. Atingimos a marca dos 928 quilômetros nos oitenta e seis dias do ano. A média está em 10,7 quilômetros por dia. O acumulado total em 72.993 quilômetros.

Wanderlei de Oliveira

Correr em grupo fortalece o indivíduo

O ser humano foi criado para conviver em grupo. Nos primórdios, nossos ancestrais se instalaram em comunidades que se uniam para a caça e para proteção dos indivíduos em uma época tão inóspita para a sobrevivência na Terra. E o homem pré-histórico era dotado de uma capacidade enorme de velocidade, justamente para se proteger dos animais selvagens, sempre prontos para atacar.

Voltando ao século XXI, os predadores da vida moderna estão à solta no mundo. Alguns deles são os maus hábitos alimentares, falta de horário na alimentação, o sedentarismo, bebidas alcoólicas, cigarro, entre outras coisas. A corrida beneficia as pessoas para se livrarem desses tipos de predadores.

O grupo fortalece o indivíduo. Correr em grupo faz de nós mais fortes e prontos para exercitar o que há de mais saudável: a solidariedade.

Nesta quarta-feira, 26 de março, era dia de teste de 3.000 metros na pista de atletismo do Ginásio do Ibirapuera. A partir das 6 horas da manhã, chegamos ao ponto de encontro para realizar os alongamentos. O grupo de mais de 40 pessoas estava formado.

O aquecimento na pista em trote leve faz com que essa seja uma oportunidade para que os indivíduos se aproximem no grupo e se conheçam melhor.

Sempre vejo alguém ensinando coisas para o companheiro. Correr em grupo é um eterno aprendizado. Um ensina o outro a correr os 3.000 metros em pista. Ou o outro ensina o um a usar determinado produto para quaisquer coisas.

Na hora do teste, apesar da corrida ser um treino individual, os resultados só são alcançados porque as pessoas traçam metas. E, às vezes, a meta é ultrapassar o companheiro, a companheira, passando da simples corrida contra o relógio para a corrida estimulada pelo outro.

Olha só um exemplo que aconteceu comigo nesta manhã. A Stela Maria Silva (jornalista) me perguntou antes de começar o teste qual seria o meu tempo. Eu disse: “Não sei, o que sei é que vou quebrar meu recorde pessoal”. Largamos e eu, como sempre, saí junto com o pessoal da frente. Estava forte, passei a primeira parcial para 3min30 seg. Mantive a segunda em 3min32 seg, mas caí na última e fechei o treino em 10min54seg. Recorde pessoal.

O que me motivou foi o grupo, pois além de querer baixar meu tempo anterior, eu me fixei nos corredores da frente (Antonio Silva, Edson Stéfano, Joaquim Cassiano). Eles me inspiraram a derrubar minha última barreira na corrida. Desde maio do ano passado eu não abaixava dos 11 minutos e desde 1998 (há dez anos) eu não fazia abaixo dos 10:56”.

Solidariedade
Depois que o primeiro grupo terminou a corrida, veio a parte mais legal do treino. O incentivo para as outras pessoas quebrarem seus recordes pessoais. Eu gosto muito de ser apoiado e retribuo os apoios.

Vários de nossos companheiros foram servir de “coelhos” para os outros corredores que estavam cansados por estarem correndo além de seus limites.

Eu encostei na Karine César (jornalista) e corremos juntos os 400 metros finais. A postura foi de incentivá-la a cada metro para ela dar o máximo de si na corrida. Resultado: Ela concluiu o teste em 13min43seg (Recorde pessoal), pois os anteriores foram todos acima dos 14 minutos.

O Reinaldo Urias também fez seu melhor tempo com a arrancada final concluindo em 13min30seg e conquistou o espaço de sair no grupo de performance. São exemplos de pessoas que praticamente não sabiam o que era corrida de performance e hoje correm para buscar desafios mais altos.

Correr faz muuuiiiitooo bem e ainda mais em grupo.

Escrito pelo jornalista e corredor, Arnaldo de Sousa

terça-feira, 25 de março de 2008

Duro no treino, fácil na prova!


Assim dizia o tcheco Emil Zatopek, campeão da São Silvestre em 1953, medalha de ouro nos 5, 10 mil metros e na maratona nos Jogos Olímpicos de Helsinque na Finlândia em 1956, sendo o único atleta na história a vencer as três provas em uma mesma olimpíada, além de ser o recordista mundial em mais de vinte ocasiões.

Muita coisa mudou nos últimos 30 anos no que diz respeito à tecnologia como auxílio ao treinamento e competições. Mas a essência dos resultados nas provas é baseada nos princípios naturais: - do treinamento diário com volumes de treino em locais que favoreçam o aumento da taxa de hemoglobina (glóbulos vermelhos) responsável pelo transporte de oxigênio e conseqüentemente maior energia e desempenho nas provas de longa duração; além do treino técnico em pista de atletismo para aprimorar a resistência a velocidade.

Quando um atleta apresenta péssimos resultados em competições é porque ele não realizou sua preparação de forma inteligente, organizada, planejada e de acordo com suas características.
Se você se enquadra neste perfil tem que redefinir melhor a sua estratégia na preparação.
Jamais, vá para uma prova de longa distância, sem estar devidamente autorizado pelo seu médico, ou mesmo, não tenha passado por exames médicos anteriores.
Não corra o risco de ficar pelo caminho, ou mesmo chegar ao final – literalmente morto.

6h26 da manhã. Vigésimo quinto dia de março de 2008. Parque do Ibirapuera, São Paulo. Dia de treino de descontração no gramado para se preparar para o teste dos 3.000 metros. Ainda são perceptíveis as dores musculares após o Kundalini Yoga e o treino nas montanhas da Serra da Cantareira em Mairiporã no último sábado. Foram 201 minutos ininterruptos de treino. Se nós que treinamos diariamente, sentimos as dores, o que dirá os menos preparados? Alguns chegam até sentir febre. Mas não se preocupem, é uma reação normal do organismo. Basta descansar e estará pronto para outra. Chegamos a marca dos 919 quilômetros nos oitenta e cinco dias do ano. A média esta em 10,8 quilômetros por dia. O acumulado total em 72.984 quilômetros.
Wanderlei de Oliveira

sábado, 22 de março de 2008

Lua Cheia. Montanha. Sol.


Combinação perfeita para a prática do Kundalini Yoga. Antes de o nosso grupo chegar no topo da serra, fomos recepcionados por um imenso gavião. Nunca tinha visto uma espécie viva dessa dimensão. Um ótimo presságio, pois o melhor estava por vir. Conduzidos pela professora Mônica Peralta que faz o curso de formação de instrutora de Kundalini Yoga com a mestra Subagh Kaur Khalsa no 3 HO Brasil, tivemos a oportunidade de conhecer este seguimento do Yoga.

Subagh Kaur Khalsa, nos aguardava na sala de prática. Com sabedoria e a paciência de um mestre, nos explicou qual seria o objetivo da aula de Kundalini Yoga. Iniciamos com um pré-aquecimento conduzido por seu filho. A seguir Subagh conduz o grupo entoando um mantra. Realizamos uma seqüência de kriyas, que são exercícios de captação de energia através da respiração. Asanas, posturas específicas na posição sentada com as pernas cruzadas e os braços elevados, utilizando os mudras, que são posturas das mãos.

No decorrer da aula destinada para o nosso grupo de corredores, Subagh explicava que o “prana” é a energia vital e a prática do Kundalini Yoga estimula a circulação dessa energia, restaurando e equilibrando o organismo. Ela também enfatizou que se tivermos um bom alinhamento da coluna, podemos permanecer por muitos anos saudáveis. Que o diga a dona Mítico Natakani, 75, campeã do mundo da maratona, que não viajou no feriado com seus familiares para participar desse encontro. Nas palavras da Mítico “tenho muito que melhorar, por isso vim aqui na Serra da Cantareira praticar o Kundalini Yoga com a Sugagh”.

A Kundalini Yoga, foi levada ao ocidente pelo mestre indiano Yogi Bhajan em 1968. Ele fundou o 3HO, Organização Feliz, Saudável e Sagrado. Guru Sewak Singh e Subagh Kaur Khalsa, discípulos de Yogi Bhajan em Los Angeles nos Estados Unidos, foram abençoados pelo mestre para criar o 3 HO Instituto de Yoga no Brasil em 1986. Subagh Kaur Khalsa que é formada em Sociologia pela Universidade Misericórdia na Pensilvânia, EUA, tem como missão ensinar a prática e filosofia do Kundalini Yoga pelo mundo nos últimos 28 anos. Estudou herbologia, aromaterapia, florais de Bach, massagem, rejuvenescimento facial e cozinha vegetariana nos Estados Unidos, é a atual diretora do 3 HO do Brasil (http://www.3hobrasil.com.br/)
Ao término da aula, como uma benção, Subagh ensinou ao grupo de corredores a entoar o mantra “que o eterno Sol te ilumine, todo o amor te rodeia, e a luz pura interior, guia teu caminho’”.

7h20 da manhã. Vigésimo segundo dia de março de 2008. Serra da Cantareira, Mairiporã, São Paulo. 102 minutos de prática do Kundaline Yoga. 99 minutos de corrida no Alto da Serra. Haja fôlego! Para se recuperar, nada melhor do que beber a água da fonte e um banquete de alimentos naturais preparados com muito carinho pela mestra Subagh que nos aguardava para a celebração. Chegamos a marca dos 889 quilômetros nos oitenta e dois dias do ano. A média esta em 10,8 quilômetros por dia. O acumulado total em 72.954 quilômetros.
Wanderlei de Oliveira

segunda-feira, 17 de março de 2008

Falsos coelhos


Os coelhos são atletas contratados pela organização para ditarem o ritmo de uma determinada prova e por uma certa distância. Tudo isto, acertado anteriormente com o clube, empresário, técnico e patrocinadores do mesmo.

No exterior, os brasileiros são conhecidos por serem excelentes “coelhos” – atletas que ditam o ritmo da prova para um ou vários competidores que pretendem estabelecer novas marcas ou recordes mundiais.

Um “Cordeiro” vencedor
Em 1994, Vanderlei Cordeiro de Lima foi convidado para ser o coelho da Maratona de Reims na França, para ajudar um atleta francês a melhorar o resultado da prova.

Disciplinado como sempre “Cordeiro” saiu na frente ditando o ritmo sugerido pela organização do evento, onde sua missão terminaria no quilômetro 21,1 (meia-maratona). Ao passar pela marca em ótimas condições físicas, perguntou ao organizador que estava no carro madrinha (carro com relógio que vai à frente do atleta líder) se poderia continuar até o quilômetro 30, e assim o fez. Ao passar novamente bem, gesticulou se poderia continuar, uma vez que o segundo colocado (se perdia de vista da organização). Resultado final: campeão na sua estréia.

A história se repetiu alguns anos à frente quando a convite do NYRRC – Clube dos Corredores de Nova York que organiza a famosíssima maratona, fora convidado para ser o “coelho” até o quilômetro 21,1. Só que desta vez cumpriu o combinado.

Esporte de competição é coisa séria
O atletismo profissional exige o máximo do praticante, e quando o atleta esta pronto para uma prova específica, ele entra concentrado e determinado no seu objetivo: - terminar dentro do tempo planejado, mesmo que não seja o vencedor.

Os “falsos coelhos” são aqueles corredores que entram em determinados trechos da prova à frente dos atletas que comandam a prova só para aparecer com os seus patrocinadores estampados na camiseta.

Existem também os “falsos cordeiros” que se inscrevem na prova. Se preparam com o objetivo de correr para valer. Mas na hora H, inventam a desculpa de que irá “puxar” a namorada, um amigo, o tio, o pai... Hoje a organização de várias provas, instituiu o “pacer” que são os “marcadores de ritmo”. É só escolher o ritmo que você pretende fazer na competição e acompanhá-los.

Os treinos técnicos, qualitativos, cumprem essa função de aprender a correr no ritmo determinado. Ninguém fará alguém correr mais rápido em uma prova se a pessoa não estiver preparada. Essa idéia é falsa. Pode sim, fazer a pessoa parar ou diminuir o ritmo pelo exagero.
Como dizia o craque Didi, da seleção brasileira de futebol: “treino é treino” e “jogo é jogo”. Vale o mesmo para a corrida. Se você quer treinar: então treine. Quando estiver preparado para competir: compita.

Agora se quer ser amigo ou fazer uma “graça” para a namorada, incentive-a nos treinos e deixe que ela se divirta e conquiste com orgulho seus resultados com as próprias pernas.

Enquanto isto... faça sua prova e vá esperá-la na chegada. Aí sim vá festejar.

6h33 da manhã. Décimo sétimo dia de março de 2008. Parque do Ibirapuera. Chove muito em São Paulo. Companheirismo nos treinos e competições é uma força extra que pode ser compartilhada entre o Arnaldo, Nilton, Harry, Paulo Moraes. Assim foi a prova dos 10 K da Track&Field Run Series no domingo. Todos juntos no alongamento, aquecimento, largada, primeiro, segundo, terceiro, quarto, quinto, sexto quilometro. A decisão ficou nos quilômetros finais. Quem estava melhor partiu para o sprint. Resultado, vários recordes pessoais ou da temporada. O melhor. A conquista do direito de sair no Grupo de Performance da CORPORE – Corredores Paulistas Reunidos no dia 13 de abril na Meia-maratona. Completamos a marca dos 829 quilômetros nos setenta e sete dias do ano. A média esta em 10,7 quilômetros por dia. O acumulado total em 72.889 quilômetros.

Wanderlei de Oliveira

Qual é o seu limite?


De acordo com a lei da atração, muito em moda no mundo inteiro através do livro: The Secret – Atraction Low, tudo que repetimos se realiza. Se repetirmos aspectos negativos, a evidência será enfatizada pelo negativismo.

Por outro lado, se enfocarmos os aspectos positivos da nossa vida, teremos uma vida plena aqui na Terra. Portanto, faço a pergunta: Qual é o seu limite?

Eu confesso que evito dizer ou projetar qualquer limite. Somos pessoas ligadas ao todo. O universo repercute o que somos, fazemos, lemos, discutimos, e assim, por diante.
Limite, aliás, segundo o dicionário Aurélio quer dizer, entre outras coisas, “Ponto que não se deve ou não se pode ultrapassar; fronteira”.

Logo, se colocamos um limite nos treinamentos, nos testes e na corrida iremos demarcar uma fronteira para não ser ultrapassada. Nosso cérebro age conforme o que você disser a ele. Algumas pessoas me falam: “Cheguei no meu limite...”, então aí ela colocou essa fronteira nela mesma.

Algumas desculpas servem para fixarmos limites como: “Já tenho 40 anos e não consigo passar o limite dos 50 ou 40 minutos nos 10 km”. Essa é uma forma de fixar os limites.

Veja, eu acabo de completar 40 anos e no último domingo participei do circuito Track & Field Run Series e conclui a prova de 10 km em 40’13”, oficialmente. Com esse resultado,conquistei o direito de sair na elite da Corpore pela faixa etária (40-45 anos).

Porém, não sei e não quero saber qual será meu limite, por enquanto. Também não sou tolo em querer que meu físico não envelheça mas com minhas atitudes pró-ativas isso será retardado. Veja o exemplo do vovô Wanderlei, está firme aos 48 anos (risos).

Falando sério, é claro que podemos buscar novos desafios e fixar metas a serem alcançadas. Para isso, devemos cuidar para que a ousadia não se transforme em lesões, mas em resultados.

Portanto, minha meta para esse ano é fazer 39 minutos nos 10 km. Eu tenho certeza que vou conseguir, pois no último domingo foram questões de metros para conseguir o feito logo no início da temporada.

Como em corridas só vale quando passamos a linha de chegada...aguardemos as próximas corridas.

Eu torço para que cada um dos corredores da Run For Life atinja seus objetivos. Por isso que eu adoro correr em grupo.

Agora você escolhe: quer ser limitado ou quer ir além...

*Texto do jornalista e corredor Arnaldo de Sousa

sexta-feira, 14 de março de 2008

Técnico. É Técnico!


O verdadeiro técnico planeja, estuda, participa, pratica.

Esta sempre ao lado de seus atletas, orientando, aconselhando, motivando.

O verdadeiro técnico, você nunca irá encontra-lo, pois é ele que vai ao seu encontro.

Ele tem o poder de transformar ferro em ouro, é um alquimista.

O verdadeiro técnico sabe cobrar, exigir, tirar o máximo de você.

Sem você perceber e achar o máximo em poder fazer o que ele pede.

O verdadeiro técnico se confunde no meio dos atletas.

É discreto, fala pouco.

Seus gestos são comedidos, pensados.

O verdadeiro técnico sabe o que faz para seus atletas.

É paciente. Porque sabe onde quer chegar.

O verdadeiro técnico irá lapidá-lo e transforma-lo no mais puro diamante.

Realizar seus sonhos. Isto não tem preço.

O Élson Miranda de Souza, 43 anos, técnico do Clube de Atletismo BM&F é o responsável pela evolução do salto com vara no Brasil. É só ver os resultados de seus atletas, principalmente da Fabiana Muher. Miranda foi e é atleta. Em um treino especial ou competição é confundido com os participantes. Ele soube transformar uma modalidade desprestigiada em nosso país no principal destaque do atletismo internacional.

Miguel de Oliveira, quem não se lembra. Campeão Mundial de boxe em 1975 na categoria meio-médio-ligeiros. Hoje aos 60 anos, é um verdadeiro técnico e atleta. Transformou a sérviamontenegro Duda Yankovich em campeã mundial de boxe. Oliveira treina diariamente com seus pupilos e ainda é capaz de coloca-los na lona. Entre uma luta e outra é maratonista. Já correu a Maratona de Nova York.

Agora é fácil achar um treinador.

Basta olhar a sua camiseta estampada em letras maiúsculas “TREINADOR” ou escutar os “gritos histéricos” no meio do grupo. Tudo para se autopromover. Ele é o primeiro a correr atrás de um aluno, prometer resultados miraculosos. A qualquer preço.

Para o verdadeiro técnico, são os resultados de seus atletas que deve aparecer.

Pensamento oriental: “não existe um mau aluno, mas um péssimo professor”.

6h27 da manhã. Décimo quarto dia de março de 2008. Hoje é o “Dia dos Carecas e da Poesia”. Essa é minha homenagem a esses grandes técnicos, carecas e poetas. Pista de Atletismo do Conjunto Desportivo Constâncio Vaz Guimarães em São Paulo. Dia do Yoga Run e de um treino especial de soltura para os que irão participar dos 10 K da Track&Field Run Series no próximo domingo. Chegamos a marca dos 797 quilômetros nos setenta e quatro dias do ano. A média esta em 10,7 quilômetros por dia. O acumulado total em 72.857 quilômetros.
Wanderlei de Oliveira

quarta-feira, 12 de março de 2008

Autoconhecimento, superação e respeito ao escalar o Aconcágua


“O dia vinha raiando muito lento e a imagem mais maravilhosa começou a surgir... A sombra do Aconcágua no ar...”. Essa frase resume o que sentia Carla Tanaka, 36 anos, alpinista e corredora, há poucos quilômetros de se atingir o cume da montanha mais alta do continente americano e do Hemisfério Sul com 6.962 metros.
Força, determinação e superação são adjetivos que circulam nas veias desta montanhista por devoção, corredora por preparação e arquiteta (entre outros afazeres) por formação.
De acordo com Tanaka, tudo começou com o projeto 10 cumes do Brasil, que acabou virando 11 cumes nacionais e Carla foi a única a concluir TODOS os paredões do Brasil. Ela, verdadeiramente viu o país dos seus pontos mais altos com altitudes variando entre 2.665 metros (Pedra do Altar na Serra da Mantiqueira (RJ) a 2.993 metros (Pico da Neblina no Amazonas).
Ao final do projeto 10 Cumes do Brasil, Tanaka foi convidada por Flavio Kitahara a fazer o Aconcágua. E veja o que ela diz:
“Sugeri então que montássemos um projeto maior que abrangesse outras montanhas dos Andes (Projeto ArcoSul). Os Andes têm uma extensão aproximada de 9.000 km e é o sistema mais longo de montanhas do mundo. Criei este nome porque graficamente enxergava como dois arcos formando um "S" no Hemisfério Sul e de uma certa forma pode se dizer que os Andes são diversas cadeias/cordilheiras formando este sistema. E em cima desta idéia foi criada a marca do projeto”, definiu a arrojada alpinista.
O projeto ArcoSul, segundo a montanhista/corredora, tem como objetivo principal ascender ao ponto mais alto de cada país por onde se estendem os Andes. Fazem parte do Projeto, as 7 montanhas: Argentina – Aconcágua (concluída), Bolívia - Nevado Sajama, Chile - Ojos Del Salado, Colômbia - Pico Cristobal Colon,Equador – Chimborazo, Peru – Huascaran e Venezuela – Bolívar.



“Considero que um projeto começa quando você tem as primeiras idéias porque a pesquisa já começa, junto com uma preparação física, financeira e organização profissional (uma vez que somos montanhistas que, como diz um colega Cao, "no cotidiano nos disfarçamos de arquitetos, engenheiros, administradores, ...")”, diz Tanaka.

Aconcágua
A palavra Aconcágua na língua quíchua significa "A sentinela branca". Em aymará pode ser traduzido por "A sentinela de pedra". A montanha, procurada por aventureiros do mundo todo, possui três rotas com diferentes dificuldades. A Nomal, Glaciar dos Polacos e Parede Sul. Cada uma com um grau de dificuldade maior.
A rota Normal, escolhida pela equipe de cinco pessoas em que Carla compartilhou a subida ao Aconcágua, é fisicamente muito exigente e incorpora grande parte da logística de escalada aos cumes de grande altitude. Como curiosidade, a primeira escalada da rota Normal aconteceu entre 1896-1897 por uma expedição liderada pelo inglês Edward FitzGerald, dirigido pelo suíço Matthias Zurbriggen. Foram necessárias cinco tentativas, em seis semanas, antes que Zurbriggen chegasse sozinho ao cume, em 14 de janeiro de 1897, subindo uma linha direta sobre o trecho conhecido como Gran Acarreo.
Carla, 111 anos após, assim como Zurbriggen, atingiu o cume sozinha numa equipe de cinco pessoas. Eles chegaram ao Parque Nacional do Aconcágua em Mendoza, Argentina no dia 8 de janeiro de 2008.
“Escolhemos fazer o Aconcágua primeiro porque, apesar de ser o mais alto, pela via Normal, é um trekking muito pesado mas não exige um grande conhecimento em técnica de escalada em gelo. Além disso, o Flavio (amigo da equipe) já havia tentado a ascensão uma vez e havia chagado bem próximo ao cume”, disse.

Roteiro de superação
De acordo com Tanaka, da entrada do parque Posto de Guardaparques Horcones (altitude de 2.950m) até o primeiro acampamento em Confluência (3.390m) foram aproximadamente 4 horas com mochila pesando ao redor dos 20 quilos.“De Confluência a Plaza de Mulas a maior parte das pessoas vai em um dia saindo cedinho mas como saímos tarde e estávamos cansados acampamos em Piedra Ibañez uma noite. E no dia seguinte, seguimos até o acampamento-base Plaza de Mulas (4.300m). Descansamos dois dias em Plaza de Mulas e no dia 13 /01 fizemos um porteio até Nido de Condores (5.550m), isto é, levamos uma barraca para montar e deixar em Nido com comida e alguns equipamentos. E descemos de volta para Plaza de Mulas. Levamos 9 horas para subir, o que a maioria faz em 6 horas em média, estranhei as botas e subimos muito carregados, além do forte desnível, pedras soltas e a baixa oxigenação”, comentou.

Náuseas das altitudes
“Depois deste primeiro porteio, descansamos em Plaza de Mulas mais 2 dias e no dia 16 subimos para Nido novamente, nesta segunda vez, embora carregados, subimos em 7 horas. Descansamos dois dias em Nido, pois optamos por partir de Nido para o cume.
No dia 19/01 às 3h00 quando o Pedro (Boccagini, também corredor da Run For Life) me ajudou a fechar meu último casaco senti tudo escurecer e tivemos que desistir da ascensão naquele dia.
Fiquei observando se estava tudo bem todo dia seguinte,19/01, então, já não tinha nem dor de cabeça (estava aclimatada). No dia seguinte decidimos ir até o acampamento Colera (5.970m) e partir em direção ao cume de lá. Chegamos dia 20 ao final da tarde em Colera, montamos com cuidado a barraca, descongelamos muita neve para nos hidratarmos e alimentarmos e dormimos cedo. Às 3h30 do dia 21/01, estávamos levantando para nos preparar para começar a caminhada às 5h00”, declarou Tanaka.

A ascensão ao cume do gigante Aconcágua
“Encontramos com inúmeros grupos que subiam. Parecia uma procissão. Estava escuro e todos com seus bastões e headlamps dando um passo, uma respiração e um passo, uma expiração. O dia vinha raiando muito lento e a imagem mais maravilhosa começou a surgir... a sombra do Aconcágua no ar. Por volta do meio-dia, estávamos no fim da Travessia quando o Pedro disse que: “teria que voltar e que eu deveria seguir”.
Já enxergávamos a Canaleta e o cume e insisti, mas ele fez bem em voltar pois demorei ainda mais 4 horas até o cume, chegando as 16h16”, enfatizou Tanaka sua conquista exclusiva.A equipe de Carla Tanaka chegou no dia 8 de janeiro, com apenas ela chegando ao cume dia 21 (treze dias de pura aventura, superação e escalada). A descida foi mais rápida com o retorno no dia 24 em Mendoza.

Nem tudo são glórias
Subir uma montanha respeitável como o Aconcágua pode se tornar um pesadelo no retorno ao acampamento-base. Numa altitude de cerca de 4 mil a 5 mil metros para cima, os ventos gelados são intensos. E não se sabe exatamente onde, mas Carla teve um frostbite, que é, literalmente, pedaço de pele congelado. E nela, alguns dedos das duas mãos ficaram literalmente congelados e queimados.
“Algumas hipóteses para o frostbite são: o uso dos 3 pares de luvas de 5 dedos pode ter atrapalhado a vascularização de algum ponto, eu poderia estar com o cobre-luvas que eu possuía. Hoje refletindo talvez eu não devesse ter ido ao cume. Não por causa dos dedos que eu desconhecia estar sendo lastimados mas para não deixar que o Pedro descesse sozinho (que companheirismo, hein...). Os acidentes normalmente acontecem na descida, ele estava muito cansado e estava realmente sozinho pois naquela hora não haveria ninguém descendo. Conclusão, assim como tudo as bases são sempre as mesmas: preparação, alimentação, hidratação, equipamento e companheirismo”, reforçou Carla.

Descreva-nos o que você viu lá, Carla?
No trajeto de Confluência a Plaza de Mulas, o vento! E um terreno pedregoso à margem de um rio que se espalha sem força entre as pedras...
O vento!
...Um espaço amplo e longo que termina em Plaza de Mulas, um corredor limitado por esculturas altíssimas que chamamos montanhas.
Sempre o vento!
A imensa infinidade de tons de verde, marrom e negro nos faz refletir nossa pequenez e nossa grandeza, a sutileza e a força de cores aparentemente superficiais que vêm do interior, do tempo.
O vento!
A rigidez da rocha é quebrada pelo visual de grandes áreas sedimentares. Vamos nos aproximando das montanhas com neve e gelo, o vento traz o frio.
Sempre pedras, vento, frio, calor, vento, frio, gelo, neve, pedras.
Uma paisagem que nos faz refletir sobre as forças e as mudanças, conclui Carla Tanaka, corredora há dois anos, cujo seu melhor tempo nos 10 K foi 54min55seg no circuito das Estações 2007.
Em resumo Carla é um misto de corredora/alpinista/corredora/arquiteta/corredora/alpinista... cuja disciplina a leva a lugares cada vez mais altos. Recentemente, ela foi eleita presidente do Grupo Paulista de Montanhismo (GPM).

Escrito pelo jornalista e corredor Arnaldo de Sousa

terça-feira, 11 de março de 2008

AUTODETERMINAÇÃO


Eduard Deci e Richard Ryan são professores do departamento de Clínica e Ciências Sociais em Psicologia da Universidade de Rochester, nos Estados Unidos. Eles criaram em 1980 a “teoria da autodeterminação”.
Essa teoria é baseada no comportamento humano. São classificadas três necessidades psicológicas primárias e universais: autonomia, capacidade, relação social.
O filme “Poder além da vida” sintetiza bem essa teoria. Reflexões sobre o cotidiano. Preconceitos. Medos. O ginasta retratado no episódio vivencia esses conflitos. A autonomia é a autodeterminação de superar suas deficiências. Capacidade é enfrentar os problemas, preparar-se para atingir seu objetivo. E a relação social é saber lidar com tudo isso e conviver com seus companheiros de treino, sem julgá-los.
O segredo é a motivação.
Gostar do que faz já é um passo para o sucesso.
A cada manhã, foque seus objetivos. Isso manterá você motivado, determinado para chegar onde deseja.
Um dos fatores mais importantes para o “sucesso na corrida não é o corpo, mas a mente”.
É essa autodeterminação que fez com que a arquiteta urbanista, corredora e montanhista Carla Anita Tanaka, 36, chegasse sozinha ao topo do Aconcágua, no Chile; a 6.962 metros de altitude em relação ao nível do mar.
Confira em breve no site matéria especial feita pelo jornalista e corredor Arnaldo de Sousa.

6h21 da manhã. Décimo primeiro dia de março de 2008. Parque do Ibirapuera em São Paulo. As poucas pessoas que vimos hoje no parque estavam escondidas da chuva sob a marquise. O Nilton Maia, Paulo Moraes, Arnaldo de Sousa e eu interagimos com a forte chuva. É a natureza. Faz bem para o corpo. Fortalece. Atingimos a marca dos 777 quilômetros nos setenta e um dias do ano. A média está em 10,9 quilômetros por dia. O acumulado total em 72.837 quilômetros.

Wanderlei de Oliveira

Circuito Vênus


Cerca de 2.500 mulheres participaram da primeira etapa do Circuito Vênus no domingo, dia 9 de março, nas imediações do Jockey Club de São Paulo, evento realizado em comemoração ao Dia Internacional da Mulher. Na prova de 10 km, a vencedora foi Beatriz Galdino dos Santos, com o tempo de 37min23s. Nos 5 km, a atleta Vivian de Oliveira foi a 1ª colocada, completando o percurso em 20min49s.A segunda etapa será no Rio de Janeiro, em setembro, e a terceira e última prova novamente na capital paulista, em novembro.

Confira abaixo o resultado da equipe Run For Life na competição:

10 km
ANA LUIZA DOS ANJOS GARCEZ - 43:26 (7º)
PATRICIA RODRIGUES VISMARA – 45:25 (14º)
SELMA NAKAKUBO – 48:16
CRISTIANE MIDORI TAKAGUI – 53:28
SOLANGE BHERING – 53:34
KARINE CÉSAR DA SILVA ÁLVARES – 53:39
VERA ALICE SILVA – 54:09
MÔNICA PERALTA – 54:12
ADRIANA MISSAE IEIRI – 01:00:02
JULIANA JEMINEZ – 01:02:54
FABIANA MARQUES NOGUEIRA - 01:04:09
SHÂMIA RAIF SALEN - 01:05:01
SILVANA FRANZOI – 01:07:25

5 km
BRUNA VIDEIRA COSSI - 31:49
CELINA MIKI YOKOYAMA - 37:38
LUCILIA ALBERTI - 43:21

segunda-feira, 10 de março de 2008

Mulheres corredoras – Como tudo começou


Desde que a americana, Kathrine Switzer, correu a Maratona de Boston em 1967, disfarçada de homem, e quebrou o tabu, de que as mulheres “não tinham força e resistência para correr os 42.195 metros", as mulheres não pararam mais de aderir ao movimento de saúde e qualidade de vida, através da caminhada e corrida.

A primeira maratona olímpica feminina foi realizada em 1984, em Los Angeles, e a vencedora foi à norte-americana, Joan Benoit Samuelson.

Tanto Kathrine Switzer, diretora da Avon e criadora do Circuito Mundial de Corridas da Avon, que teve início nos anos 80 e, Joan Benoit Samuelson, empunharam a bandeira de levar avante os benefícios da prática da corrida para as mulheres, com o objetivo de eliminar o sedentarismo e a promover a saúde.

Por vários anos ao redor do mundo, nas principais capitais, foram realizadas a AVON RUNNING, circuito com provas de 10 K de corrida e 5 K de caminhada.

Em 1998, período de maior crescimento da Avon Running mais de 200.000 (duzentas mil) mulheres participaram do evento.

6h28 da manhã. Décimo dia de março de 2008. Pista de atletismo do Conjunto Desportivo Constâncio Vaz Guimarães no Ibirapuera em São Paulo. Interval-training de 400 metros. Treino forte em ritmo pré-determinado com pausa curta. Nesse tipo de treino é alta a produção de ácido-lático (sensação de dor e redução da performance). Chegamos a marca dos 762 quilômetros nos setenta dias do ano. A média esta em 10,8 quilômetros por dia. O acumulado total em 72.822 quilômetros.
Wanderlei de Oliveira

sexta-feira, 7 de março de 2008

Chapéu


A palavra chapéu tem origem no latim “cappa” ou “capucho” e significa peça usada para cobrir a cabeça. No Egito antigo (4.000 antes de Cristo), já usavam faixas para prender o cabelo e proteger a cabeça.

Foi a coqueluche dos anos 50, 60. Reis, rainhas, presidentes, poetas, compositores, todos ao seu estilo, usavam. Não esta em desuso, ao contrário, é possível usa-los em ocasiões especiais. O boné é usado por esportivas, cantores de hip-hop.

Em breve será lançado o filme Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal, estrelado pelo ator norte-americano Harrison Ford, 65; quem não se lembra das perseguições, saltos, quedas em precipícios do personagem – sem deixar cair o chapéu?

Mas que o isso tem haver com o atletismo?

“Levar um chapéu” é uma expressão usada quando um corredor coloca uma volta de vantagem na pista em outro atleta.

Não é um demérito. Levar um chapéu de um grande atleta significa que você esta em excelente forma física.

No programa do Raul Gil, existe o quadro “tirar o chapéu” como um ato de reverenciar alguém pelas suas qualidades ou conquistas.

Hoje tiro o chapéu para o meu amigo Carlos Cavalcante que completa meio século. Como ele mesmo diz “bem vivido”. De garoto pobre na cidade de São Bernardo ao grande atleta campeão e recordista brasileiro do salto com vara nos anos 70/80 e também a repórter internacional merecedor de vários prêmios. Estréia em breve no SBT.

6h36 da manhã. Sétimo dia de março de 2008. Pista de atletismo do Conjunto Desportivo Constâncio Vaz Guimarães no Ibirapuera em São Paulo. 3.000 metros de wind-sprint. O objetivo deste exercício é melhorar a velocidade e a resistência ao esforço contínuo. Possibilita ao praticante energia, força mental para se auto-superar em competições. São 100 metros em ritmo forte na reta, alternando com 100 metros de soltura na curva. Chegamos a marca dos 728 quilômetros nos sessenta e sete dias do ano. A média esta em 10,8 quilômetros por dia. O acumulado total em 72.788 quilômetros.
Wanderlei de Oliveira

quinta-feira, 6 de março de 2008

Tubaina e mortadela


Em 1983, fui escalado pelo presidente da Federação Paulista de Atletismo, o comendador Evald Gomes da Silva, para representá-lo na Meia Maratona de Itapira, interior de São Paulo. Na ocasião, exercia o cargo de diretor do departamento infanto-juvenil e, a minha missão era acompanhar a prova do carro madrinha (veículo que vai à frente dos líderes) e ao término da prova participar da solenidade de entrega de prêmios.

A Meia Maratona de Itapira era uma das principais corridas do Estado de São Paulo, assim como a Meia Maratona da Independência da Gazeta Esportiva. A prova reunia os principais atletas do Brasil.

Conforme o combinado, lá estava eu se apresentando ao organizador do evento. Porém, na função de técnico da CORPORE – Corredores Paulistas Reunidos, na época, estava com o atleta Edson Bergara. Contrariando o presidente da FPA, resolvi correr a prova, uma vez que começava a treinar distâncias mais longas junto com os atletas da Corpore (a minha prova por vários anos, foi os 400 metros rasos). No início dos anos 80, poucos se aventuravam em corridas longas, e não mais do que cem atletas só “os feras” se perfilaram a linha de largada, dentro do Estádio Municipal de Itapira.

Logo na largada, todos sumiram, mas, não desanimei e fui em frente. Na altura do quilometro cinco, entrávamos pelos canaviais, o piso, uma mistura de terra e areia, subida e descida o tempo todo, e ninguém à frente e muito menos atrás. Chegava o quilometro dez, em um dia de muito sol, e nada de água (na época não tinha postos de água nas provas), mas continuei em frente, até sair do canavial muitos quilômetros depois. Já retornando a cidade, avistei um corredor e num último esforço relembrando os bons tempos de velocista, para tentar não chegar em último e quem sabe abaixo das duas horas, alcancei o corredor, que me falou que estava com cãibras. Tentando incentivá-lo, falei vamos juntos, achando que o sujeito já estava no prego. O cara se animou e me deixou para trás novamente. Completei a prova em último com 2h10, uma hora depois do vencedor, o Edson Bergara, que já tinha recebido o prêmio. Medalhas, na época, só para os primeiros. Nos quilômetros finais, estava louco por uma sombra e água fresca. Quando cruzei a linha de chegada, um dos organizadores, veio me recepcionar e falou, “guardei um vale refrigerante e lanche para você”, de imediato agradeci. Estou salvo!

Só que ele não falou que os lanches estavam sendo entregues dentro do Ginásio de Esportes na sala de imprensa, último andar. Esfomeado e morto de sede subi os primeiros lances de escadas como se nada tivesse acontecido, porém, algo inusitado me esperava. As malditas cãibras. Parei no terceiro lance me contorcendo de dor e fiquei por ali, até que apareceu um corredor solidário, ou talvez, assustado que pensou que eu estivesse tendo um ataque epiléptico. Quando a dor passou, um outro sujeito, apareceu com o meu lanche e prêmio: - um copo de tubaina e um sanduíche de mortadela.

5h56 da manhã. Sexto dia de março de 2008. Parque do Estado de São Paulo, Jardim Botânico. Dia da “corrida zen”, para se recuperar do treino fracionado de quarta-feira. Chegamos a marca dos 720 quilômetros nos sessenta e seis dias do ano. A média esta em 10,9 quilômetros por dia. O acumulado total em 72.780 quilômetros.
Wanderlei de Oliveira

quarta-feira, 5 de março de 2008

Disciplina o segredo do sucesso.


Correr uma prova bem é fácil!

Basta apenas treinar certo, com objetivo!

Manter a regularidade ao longo dos anos – só com disciplina, determinação e entusiasmo.
No atletismo não existe milagre, o que você realizou nos treinos, desempenhará na prova.
Até o momento já participei de 65 competições de 21 quilômetros, sendo as últimas dezoito provas internacionais igual ou abaixo de 1h30.

Mas nem sempre foi festa.

A primeira a gente nunca esquece, ainda mais por ser traumática.

Há vinte e cinco anos (1983), estreava na Meia Maratona de Itapira que era uma das principais corridas do Estado de São Paulo, assim como a Meia Maratona da Independência da Gazeta Esportiva. A prova reunia os principais atletas do Brasil.

No início dos anos 80, poucos se aventuravam em corridas longas, ainda mais um ex-velocista como eu, que não corria provas acima dos 400 metros rasos. Não mais do que cem atletas só “os feras” se perfilaram a linha de largada, dentro do Estádio Municipal de Itapira. O percurso era no meio do canavial. Quem saia vivo – era um vencedor.

O Edson Bergara, atleta da CORPORE/Bradesco, que era treinado por mim, foi o campeão com 1h10min. Eu, o último colocado, uma hora depois – com muitas câimbras.
Na época, não existia marcação por quilometro, postos de hidratação, e nem passava na cabeça que um dia poderia existir um tal “chip” que faria tudo. Premiação, só para os 10 primeiros no geral masculino.

No ano de 1998, no Circuito Speed Steek (avenida 23 de maio, Sumaré, Pacaembu) completava o percurso de muitas subidas em 1h29 (primeira vez abaixo da 1h30). Em 1999 no Rio de Janeiro, estabelecia o melhor resultado no percurso em 1h28. No mesmo ano, na estréia na Meia Maratona de Buenos Aires, completava em 1h26. Na Meia Maratona mais famosa do mundo, a de Lisboa, Portugal, estreava com 1h27. No ano seguinte (2004), estabelecia o meu personal best em Buenos Aires (1h22).

Porém a mais importante foi à última, na cidade de Santiago do Chile, realizada no domingo de nove de abril de 2006, onde conquistei a segunda colocação na categoria de 45/49 anos, com o tempo de 1h28. Apesar de ser uma prova atípica, onde corremos praticamente dezenove quilômetros de subidas.

Como já dizia o escritor francês Honoré de Balzac "o homem começa a morrer na idade em que perde o entusiasmo".

Busque novos desafios. Acredite sempre no sucesso.

6h31 da manhã. Quinto dia de março de 2008. Conjunto Desportivo Constâncio Vaz Guimarães, pista de atletismo, São Paulo. Primeiro treino fracionado de 1.000 metros do ano, para ritmo preestabelecido. Ultrapassamos a marca dos 705 quilômetros nos sessenta e cinco dias do ano. A média esta em 10,8 quilômetros por dia. O acumulado total em 72.765 quilômetros.
Wanderlei de Oliveira

terça-feira, 4 de março de 2008

Bombinha e Bombado


Não pense que é a mais nova dupla sertaneja que esta fazendo sucesso nas vendagens de disco em todo o Brasil. Nem o último lançamento dos desenhos animados de Hanna & Barbera.
Mas, estamos nos referindo a palavra da moda no momento: - doping.

Uma substância muito usada pelos atletas de provas de explosão, como o 100 metros rasos, é a efedrina, considerada pelo COI - Comitê Olímpico Internacional, como estimulante. Por dois anos, de 1997 a 1999, HALLER e BENOWITZ (2000), estudaram um grupo de 140 usuários da efedrina que apresentaram complicações severas, com efeitos colaterais como: infarto do miocárdio, derrame, convulsão, psicose, arritmias e morte.

Esta registrado na memória de muita gente, o caso do canadense Ben Johnson – “o bombado” e, da norte-americana Florence Griffith-Joyner – “a bombinha”, vencedores dos 100 metros nos Jogos Olímpicos de Seul na Coréia em 1988. Ambos eram considerados os atletas mais velozes do mundo. Pareciam bonecos infláveis, pela ostentação dos músculos. Após se retirar das competições, Griffith-Joyner, tentou se preparar para uma maratona (42.195 metros), mas, aos 38 anos, falecia.

Na primeira página do semanário brasileiro em língua alemã “Brasil-Post”, no artigo “Esporte e Doping”, o jornalista alemão e corredor de maratonas, Eckhard Kupfer, declarou: - “talvez as comissões esportivas deveriam pensar em agir como há décadas, quando a situação do amadorismo se tornou incontrolável. Competições, campeonatos e padrões de recordes deveriam ser separados por atletas dopados, e não dopados. Quem sabe assim chegaríamos perto da realidade”.

O que garante o sucesso de um atleta de alto nível é sua dedicação, persistência, disciplina e muito treino.

6h18 da manhã. Quarto dia de março de 2008. Parque do Ibirapuera em São Paulo. Durante a rodagem no gramado estava nítido o efeito do interval-training realizado no dia anterior. O corpo dolorido, daí a necessidade de se fazer o treino no dia seguinte – descontraído. Sem se preocupar com o tempo. Completamos 695 quilômetros nos sessenta quatro dias do ano. A média esta em 10,8 quilômetros por dia. O acumulado total em 72.755 quilômetros.
Wanderlei de Oliveira

segunda-feira, 3 de março de 2008

Hoje é que começou o treino


A corrida, é uma seqüência da caminhada, e para que ela possa ser executada de uma forma confortável, econômica e ao mesmo tempo eficiente, que faça com que você percorra determinada distância em um menor tempo possível, essa locomoção é devido à ação sincronizada (automatizada) dos gestos de seu corpo.

Com o avanço da medicina esportiva e tecnologia, ao longo dos anos foram desenvolvidos vários métodos de treinamento, aos quais definimos como exercícios de qualidade, e sua função é a de proporcionar ao praticante qualidades físicas essenciais: resistência, força, velocidade, flexibilidade e agilidade.

Após dois meses de preparação básica em que foram enfatizadas todas essas qualidades em que o principal objetivo é preparar o organismo para suportar os treinos mais duros.

Iniciamos hoje o “interval-training”, que é um método de treinamento idealizado pelo técnico alemão Woldemar Gerschller em 1939. No ano de 1952 Gerschller uni-se ao fisiologista também alemão Herbert Reindell para formularem a concepção científica de treinamento intervalado. As distâncias escolhidas eram de 100, 200 e 400 metros com tempos preestabelecidos, que eram realizadas em pista de atletismo, o intervalo entre as repetições não ultrapassavam aos 90 segundos de pausa ativa (caminhada ou corrida lenta). Este método é utilizado para desenvolver a resistência anaeróbia, resistência aeróbia, resistência muscular localizada, velocidade de deslocamento e força explosiva.

É um treino que exige o máximo do praticante. Por isso, não é recomendado fazer esse trabalho sem uma “base” mínima adequada. Os riscos de contusão são muitos.

O Paulo de Moraes Barros que se preparara para a Maratona de Roterdã, ao final de seu treino enfatizou: “hoje é que começou o treino”, se referindo a dureza que é se preparar para uma maratona.

6h27 da manhã. Terceiro dia de março de 2008. Centro de Excelência BM&F de Atletismo. Depois de um treino longo de 20 quilômetros com direito a subida da biologia no sábado na Cidade Universitária em São Paulo, nada melhor do que uma rodagem à beira mar no domingo no Guarujá, para relaxar. Estamos com 683 quilômetros nos sessenta três dias do ano. A média esta em 10,8 quilômetros por dia. O acumulado total em 72.743 quilômetros.
Wanderlei de Oliveira