domingo, 10 de fevereiro de 2008

Apoteose

No último sábado de madrugada, aconteceu no Sambódromo o desfile das escolas de samba campeãs de São Paulo. Na apoteose, o desfile é mais descontraído e não vale pontos oficiais, mas, são eleitos os vendedores do “Estandarte de Ouro”, em vários quesitos, como: enredo, puxador, mestre sala e porta-bandeira, samba-enredo, passista, entre outros. E como dizia o poeta Dorival Caymmi, autor da canção "Samba da minha terra": "Quem não gosta de Samba, bom sujeito não é, é ruim da cabeça ou doente do pé".
Esta música e letra marcou o início da carreira de Dorival Caymmi, e foi lançada pelo Bando da Lua em sua visita ao Brasil em 1940. "O Samba de Minha Terra" foi regravado por João Gilberto em seu elepê de 1961. E apresentado ao vivo no Carnegui Hall, em Nova Iorque no ano de 1964.

Saber sambar é uma arte e um esporte
O meu pai, Olavo de Oliveira, um apaixonado pelo futebol e também pelo samba, foi o fundador da Escola de Samba Almirante nos anos 50. A escola era formada por jovens moradores do Bairro da Móoca, todos esportistas.
Dele herdei essas duas paixões, o esporte e a música. Comecei como passista em várias escolas, até ser convidado pelo “Pé Rachado”, fundador e presidente da Barroca da Zona Sul (que também era amigo do meu pai), para desfilar em sua escola. E lá fui eu, dos 14 aos 17 anos, até ser convidado pelo presidente da Imperador do Ipiranga, Laerte Toporcov, e pela carnavalesca Maria Aparecida Urbano, para aprender a arte de “mestre-sala”. Aos 18 anos, estreava como mestre-sala. Dessa época, guardo o carinho e o respeito que as pessoas da escola têm por essa figura do “mestre-sala” e da “porta-bandeira”. São eles que carregam na avenida a bandeira da escola: - com galhardia, enaltecendo as raízes da cultura de um povo, assim como um “beija-flor” que antes de colher o néctar, circunda por várias vezes a flor, como que a pedir licença para se deleitar de prazer com o seu mel.
Os anos se passaram e o estandarte segue em frente.
Da comparação com o esporte, para sambar é preciso condicionamento físico, monitorados pela equipe do professor Turíbio de Barros Leite, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), durante o tempo de desfile de 60 minutos em média. Cada ala leva para percorrer os 800 metros da passarela do samba de 20 a 22 minutos, em que são gastas em média 400 calorias.

6h30 da manhã. Décimo dia de fevereiro de 2008. Parque do Estado de São Paulo, após desfile na Escola de Samba Mocidade Alegre e viagem para Taubaté, voltamos à rotina. Sem perder um só dia de treino, chegamos aos 436 quilômetros nos quarenta e um dias do ano. A média esta em 10,6 quilômetros por dia.

Wanderlei de Oliveira

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