segunda-feira, 17 de março de 2008

Falsos coelhos


Os coelhos são atletas contratados pela organização para ditarem o ritmo de uma determinada prova e por uma certa distância. Tudo isto, acertado anteriormente com o clube, empresário, técnico e patrocinadores do mesmo.

No exterior, os brasileiros são conhecidos por serem excelentes “coelhos” – atletas que ditam o ritmo da prova para um ou vários competidores que pretendem estabelecer novas marcas ou recordes mundiais.

Um “Cordeiro” vencedor
Em 1994, Vanderlei Cordeiro de Lima foi convidado para ser o coelho da Maratona de Reims na França, para ajudar um atleta francês a melhorar o resultado da prova.

Disciplinado como sempre “Cordeiro” saiu na frente ditando o ritmo sugerido pela organização do evento, onde sua missão terminaria no quilômetro 21,1 (meia-maratona). Ao passar pela marca em ótimas condições físicas, perguntou ao organizador que estava no carro madrinha (carro com relógio que vai à frente do atleta líder) se poderia continuar até o quilômetro 30, e assim o fez. Ao passar novamente bem, gesticulou se poderia continuar, uma vez que o segundo colocado (se perdia de vista da organização). Resultado final: campeão na sua estréia.

A história se repetiu alguns anos à frente quando a convite do NYRRC – Clube dos Corredores de Nova York que organiza a famosíssima maratona, fora convidado para ser o “coelho” até o quilômetro 21,1. Só que desta vez cumpriu o combinado.

Esporte de competição é coisa séria
O atletismo profissional exige o máximo do praticante, e quando o atleta esta pronto para uma prova específica, ele entra concentrado e determinado no seu objetivo: - terminar dentro do tempo planejado, mesmo que não seja o vencedor.

Os “falsos coelhos” são aqueles corredores que entram em determinados trechos da prova à frente dos atletas que comandam a prova só para aparecer com os seus patrocinadores estampados na camiseta.

Existem também os “falsos cordeiros” que se inscrevem na prova. Se preparam com o objetivo de correr para valer. Mas na hora H, inventam a desculpa de que irá “puxar” a namorada, um amigo, o tio, o pai... Hoje a organização de várias provas, instituiu o “pacer” que são os “marcadores de ritmo”. É só escolher o ritmo que você pretende fazer na competição e acompanhá-los.

Os treinos técnicos, qualitativos, cumprem essa função de aprender a correr no ritmo determinado. Ninguém fará alguém correr mais rápido em uma prova se a pessoa não estiver preparada. Essa idéia é falsa. Pode sim, fazer a pessoa parar ou diminuir o ritmo pelo exagero.
Como dizia o craque Didi, da seleção brasileira de futebol: “treino é treino” e “jogo é jogo”. Vale o mesmo para a corrida. Se você quer treinar: então treine. Quando estiver preparado para competir: compita.

Agora se quer ser amigo ou fazer uma “graça” para a namorada, incentive-a nos treinos e deixe que ela se divirta e conquiste com orgulho seus resultados com as próprias pernas.

Enquanto isto... faça sua prova e vá esperá-la na chegada. Aí sim vá festejar.

6h33 da manhã. Décimo sétimo dia de março de 2008. Parque do Ibirapuera. Chove muito em São Paulo. Companheirismo nos treinos e competições é uma força extra que pode ser compartilhada entre o Arnaldo, Nilton, Harry, Paulo Moraes. Assim foi a prova dos 10 K da Track&Field Run Series no domingo. Todos juntos no alongamento, aquecimento, largada, primeiro, segundo, terceiro, quarto, quinto, sexto quilometro. A decisão ficou nos quilômetros finais. Quem estava melhor partiu para o sprint. Resultado, vários recordes pessoais ou da temporada. O melhor. A conquista do direito de sair no Grupo de Performance da CORPORE – Corredores Paulistas Reunidos no dia 13 de abril na Meia-maratona. Completamos a marca dos 829 quilômetros nos setenta e sete dias do ano. A média esta em 10,7 quilômetros por dia. O acumulado total em 72.889 quilômetros.

Wanderlei de Oliveira

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