domingo, 27 de janeiro de 2008

Xô, preguiça


Ontem foi o dia do ensaio técnico da Escola de Samba Mocidade Alegre no Sambódromo em São Paulo. Como em uma corrida, os mais de 3.500 integrantes da escola chegaram cedo para a concentração. Posicionaram-se em sua ala. Aqueceram. Todos juntos. Ensaiaram a coreografia. Afiaram o gogó. O objetivo é harmonizar, sincronizar a bateria, o samba enredo e os passistas. Durante os 65 minutos de desfile, tudo tem que dar certo. Isso requer treino e mais treino. O famoso maître e maratonista Oswaldo Silveira, 78, foi recepcionado em sua ala, a da gastronomia, como um verdadeiro chefe pela animadíssima Ia-Ia, responsável por esse grupo. Bexigas vermelhas para eles e bexigas verdes para nós (Ana Luíza, Patrícia, Nilton e Jaime), da ala dos roqueiros. As de cor vermelha iam para a esquerda. As de cor verde para a direita. Ou seja, mais uma demonstração de criatividade da Mocidade Alegre. Essa escola tem algo de especial. Foram as coreografias que a tornaram famosa, além das alas com muitas crianças. A Ana Luíza, como sempre, foi um show à parte. Querida por todos, inclusive pelos integrantes da ala gay. "Viva a diversidade", como é exaltado na letra do samba. Mas energia é com o senhor Oswaldo, que se enturmou com todos os componentes da escola. Até parecia que já os conhecia há muito tempo. Sambou, cantou. Depois de mais de duas horas de ensaio, já na praça da apoteose, onde terminava o desfile, o senhor Oswaldo não parava. Foi preciso chamá-lo várias vezes para ir embora. Isso porque já era mais de 10 horas da noite. Puxa que maravilha é a Ia-Ia e o pessoal da Mocidade Alegre comentou o maître e agora sambista. Estou realizando um sonho. Se você vive com preguiça, fale com o senhor Oswaldo Silveira, que ele tem um segredinho: seu energético.

7h30 da manhã. Vigésimo sétimo dia de janeiro de 2008. O Jardim Botânico de São Paulo nos reservou uma belíssima surpresa. O bicho-preguiça. Parecia um sinal. Ao chamar a Patrícia para treinar, ela esboçou ficar dormindo. Mas logo levantou e espantou a preguiça de domingo. O bicho-preguiça, que de preguiça não tem nada, ou melhor, apenas seu intestino. Pois faz suas necessidades fisiológicas há cada sete dias. Seu habitat é as copas das árvores. Mas, se você acha que ele é preguiçoso, está enganado. Ele não pára de se mexer, vai de um lado para o outro nas árvores. Apenas vai devagar. É magro. Ativo. Esperto. Faça como no refrão do samba enredo da Mocidade Alegre: “O dia vai, a noite vem, eu vou, sair, viver a boemia, curtir em Sampa várias atrações, me divertir até o raiar do dia”.
Já são 292 quilômetros nos vinte e sete primeiros dias do ano. A média permanece em 10,8 quilômetros por dia.


Wanderlei de Oliveira

Um comentário:

Jacke Gense disse...

O novo visual do blog ficou muito bonito!!!